14 de dez. de 2012

Os sinais de mudança econômica

Por Luis Nassif

Pequenas empresas paulistas estão sofrendo um assédio inimaginável, recebendo visitas de gerentes de bancos, oferecendo linhas de crédito baratas. Conta garantida a 2% de juros ao mês, descontos de duplicata a 0,9%.

A conversa com os gerentes é das mais instrutivas. Informam que orientação que receberam de suas respectivas diretorias é que juros baixos e competição bancária vieram para valer. E os bancos terão que se reinventar.

"O que está acontecendo com os gerentes de conta é processo similar ao que irá ocorrer em outros cantos da economia"

Não se trata mais de elaborações estratégicas da cabeça de um diretor de banco, mas a orientação que chegou na base, o gerente de conta.

Quando se compara a economia a um transatlântico – imagem cunhada há décadas pelo ex-Ministro Mário Henrique Simonsen – tinha-se na cabeça esse efeito-defasagem

A política econômica dá uma guinada radical. Há um tempo de ajuste em que, primeiro, os agentes econômicos precisam ser convencidos da sua irreversibilidade. Depois, um tempo para se ajustarem às novas regras, que passa por definir a nova estratégia e fazer a voz de comando chegar na ponta.

O que está acontecendo com os gerentes de conta é processo similar ao que irá ocorrer em outros cantos da economia.

Por exemplo, muitas cadeias produtivas trocaram fornecedores internos por produtos chineses. Nos últimos meses houve um desvalorização de mais de 20% no real, frente o dólar.

A volta ao fornecedor interno exigirá novos contatos, uma reorganização do sistema de compras, em muitos casos a busca de novos fornecedores, já que muitos dos anteriores desapareceram do mercado.

No caso das grandes empresas, a mudança do dólar trouxe problemas no fluxo de caixa. Aumentou as dívidas em dólares.

Há um tempo, portanto, para refazer o caixa e analisar os efeitos da mudança de câmbio tanto no mercado interno quanto no externo.

No campo do controle público ocorre a mesma coisa. A Lei de Transparência, obrigando todos os órgãos públicos (União, estados, municípios e autarquias) a darem publicidade a seus dados, é também um transatlântico que começou a se mover.

Alguns órgãos saem na frente, outros vacilam um pouco. Aí entra o Ministério Público exigindo o cumprimento da lei. Aos poucos, a sociedade civil criando formas de capturar e analisar os dados. E os novos parâmetros de fiscalização são montados, em cima dessa interação ONGs-MPs-TCs.

Faltam pontos para acelerar o processo.

O primeiro é avançar nas propostas de simplificações dos procedimentos fiscalizatórios, sem tirar sua eficácia. Por mais que ocorra um aprendizado na definição e implementação de projetos, ainda assim o ponto ótimo sempre ficará distante do ideal, graças ao emaranhado burocrático.

Outro - já enfatizado aqui – é a maneira como estão sendo apresentadas diversas isenções fiscais e trabalhistas.

Qualquer decisão de investimento tem que partir do peso das isenções no preço final do produto, mas também no prazo de permanência do benefício. É a maneira de estimar os resultados e planejar os investimentos.

11 de dez. de 2012

The Economist: "Demite, Dilma!"

A campanha promovida pela revista The Economist contra o ministro da Fazenda Guido Mantega parece-me um ponto fora da curva, na verdade, um claro nonsense.

A Economist deveria se ocupar com os problemas mais próximos de si mesma, como os da sua própria  terra.

A economia inglesa está de mal a pior, bem pior que a nossa. Se fosse o  caso de demissão por incompetência (já que a revista pretende, erroneamente, reduzir o tema dessa forma), o governo britânico é que deveria passar o facão no seu próprio alto escalão.

Vocês querem o Aécio, não é? Quem sabe? Vamos esperar para ver! Mas, de todo modo, deixe que nós resolvamos isso.

Enfim, não posso "curtir" sua postura The Economist!

Eu poderia até justificar isso em mais linhas, mas, para quê reinventar a roda se a economista Maria da Conceição Tavares, fez isso tão bem: Confira aqui!

9 de dez. de 2012

Educação para quê?

Perguntado a um professor da Finlândia por que é que o Governo de lá dá tanta atenção à Educação, ele respondeu: "- O maior patrimônio de uma nação é a mente humana. É dela que sai todo o progresso ou retrocesso de um povo"
Bonito, não? Se o Brasil começar a cultivar essa ideia, talvez, um dia, nossa "mente humana" tenha algum valor para o Governo...

O Brasil Fora dos Trilhos

Quem  defende o uso do transporte público no Brasil, provavelmente não o utiliza. Quem condena o trânsito, provavelmente não conhece o transporte público. Está tudo muito ruim.

O Brasil está parado por falta de transporte: de carro você não vai a lugar algum (pelo menos num tempo razável), e, de transporte público, você precisa de sorte para conseguir um lugar no horário certo, como também precisará para sair na estação ou ponto desejado. Sem falar no fato de que, enquanto você estiver dentro do coletivo, precisará de botina com bico de aço para não ter os dedos dos pés esmagados. Ah, e se, por alguma razão, você tirar o pé do chão perderá o lugar.

Nossos trens e metrôs são uma vergonha. Dói-me dizer isso, mas é verdade! No Brasil é tão ridícula a expansão do metrô que, ao invés de se estender  a malha, cria-se o engodo de construir estações entre estações próximas, gastando-se dinheiro no lugar errado.

Ferroanel? Sim, a proposta já é conhecida, mas é preferível o ultrapassado e anacrônico rodoanel, viadutos, faixas adicionais nas rodovias...

Interligações das regiões do Brasil? Só mediante rodovias. Poderíamos  ter  ramais ferroviários, mas prefere-se queimar diesel e gasolina para transportar coisas e pessoas, poluindo, destruindo asfalto, congestionando e provocando acidentes.

Até quando o Brasil vai continuar ignorando a importância do transporte ferroviário, que é bom, barato e ecologicamente correto,  e investir como gente grande?