12 de jun. de 2012

Os desafios de implementar a economia verde


Luis Nassif

No sábado próximo, estarei mediando uma das mesas do Rio+20, o encontro global para discutir a questão do meio ambiente e da sustentabilidade.

Será uma mesa internacional, com as presenças de Yilmas Akyuz (Unctad), Fábio Barbosa (ex-ABN, ex-Santander), Marcela Benitez, da Argentina, Enrique Iglesias, do Uruguai (ex-secretário geral do BIRD), Caio Koch-Weser, da Alemanha, Herman Mulder, da Holanda, Kate Raworth, do Reino Unido, Maria da Conceição Tavares, Jeffrey Sachs, dos Estados Unidos, e Shi Wang, da China.

Não será desafio fácil.
Tem-se de um lado a questão do aquecimento global e, principalmente, da sustentabilidade do modelo econômico atual. De outro, a necessidade de incluir bilhões de pessoas. Como fazer a transição do modelo atual para um modelo sustentável e, ao mesmo tempo, atender à inclusão dos miseráveis?

As principais características do modelo atual são as seguintes:

1. Altamente consumidor de energia fóssil.

Para este caso, existem investimentos tecnológicos em energia verde, capazes de preservar o modelo.

2. Baseado no consumo de minérios e outros insumos não renováveis.

Aí se entra no cerne do modelo econômico dos dois últimos séculos, onde os pilares foram as indústrias siderúrgica, química, dos minerais não-metálicos. Na ponta do consumo, construção civil, grandes obras de infraestrutura, indústria automobilística. Podem ser obtidos ganhos incrementais, mas dificilmente se alterará o modelo de forma estrutural.

3. Desmatamento e práticas agrícolas predatórias.

Minimizam-se os problemas com avanços tecnológicos e com novas formas combinadas de plantio. Além disso, há todo um continente tropical – a África – com potencial para produzir alimentos com técnicas modernas.

4. Consumismo desenfreado e obsolescência planejada.

Quando a Apple lança um novo modelo de iPad, parte relevante dos compradores são proprietários de modelos anteriores, que ficam obsoletos. É um caso clássico de desperdício, mas que movimenta toda uma economia relevante: fabricantes de equipamentos e componentes, revendedores, mídia (campanhas publicitárias) etc.

Não deve ser difícil estimar quanto um fabricante de computador, de carro, de bens de consumo ostentatório perderia caso se adiasse por um ano a entrada de novos modelos.

5. Concentração nas grandes metrópoles.

Este é um processo que poderá ser revertido graças a um conjunto de fatores. 1. Viabilização de novas formas de economia agrária, incluindo a produção de energia para viabilizar agrovilas. 2. Avanços das telecomunicações permitindo o trabalho remoto. Ameniza mas não resolve. O grande boom da China – propagado pela economia mundial – foi decorrência de um processo acelerado de urbanização. Assim como na Índia e, algumas décadas adiante, na África. Esse tema exigirá intervenções profundas.

6. A questão dos resíduos sólidos.

Em São Paulo, uma das cidades com melhor cobertura de água e esgoto do país, o esgoto é transportado pelos rios que correm debaixo do asfalto da cidade e vão desaguar no Tamanduateí e Tietê. Esse fenômeno repete-se por todo país, em situações piores.

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