30 de jun. de 2012

Poema sem nome 2



E da minha janela
vejo a noite escura,
vestida de espessa neblina.
Ocultos em seu bojo,
sussurros e mistérios...
E a vida latente,
insistente,
que explode em cores
ao nascer do sol...

29 de jun. de 2012

Aquecimento global: verdade ou mito?


Next!

Marta Matui

Esse velho pentelho é o responsável pela irritação que passo há anos. Ele é o guru que previu que a Terra estaria esquentando. Um imbecil chamado James Lovelock, inglês, do tempo em que a Inglaterra era potência e se achava (continuam se achando mas hoje em dia é ilusão).

Ele que escreveu o livro A Vingança de Gaia, uma teoria alla Avatar, e que teve em Al Gore seu maior e mais estúpido seguidor. Teoria alla Avatar são essas idéias, livros e filmes criados da ilusão de controle de homens pertencentes à sociedades de economia dominante e que naquele momento acham que podem salvar o mundo. Sendo o perigo uma ilusão de suas cabeças doentias. Como esse James Cameron vindo aqui no Brasil "resolver" o problema de Belo Monte só porque fez um filme cheio de personagens azuis.


"Esses cientistas não conseguem dizer 
se vai chover amanhã sem margem de erro. 
Notam mudanças mas não percebem que 
a Terra muda todo tempo e sempre mudou."


Quantas e quantas vezes já escrevi no "Pequenas Leituras"  que essa teoria de aquecimento global é uma estupidez? E que homem nenhum pode prever o futuro de um planeta sendo o próprio muito maior do que o homem. E que homem nenhum sabe mensurar os fenômenos, principalmente climáticos.

Esses cientistas não conseguem dizer se vai chover amanhã sem margem de erro. Notam mudanças mas não percebem que a Terra muda todo tempo e sempre mudou. Mas que tais acomodações não são tendências de nada, o planeta vai fazer o que precisa para se manter estável, nunca o contrário. E principalmente, o ser humano vai acabar muito antes de conseguir acabar com o planeta. Esse tipo de pensador e teórico acredita em um poder que o ser humano não tem, porque no fundo deseja ter esse poder.

Pois esse velho atingiu a casa dos noventa anos e resolveu ser honesto. A velhice bateu e ele deve estar com medo do inferno então resolveu limpar sua barra e admitir: nada do que previu está acontecendo. "O problema é que não sabemos o que o clima está fazendo", "deveríamos estar a meio caminho de fritarmos", mas não é isso que está acontecendo.

E agora? Quem me paga indenização por ter tido que suportar conversas sobre o aquecimento global? Por tudo o que estivesse acontecendo, chuva, calor, frio, enchente, nevasca, tudo diziam que era o aquecimento global. E eu tendo que ouvir isso sem poder pular no pescoço de tanta gente crédula e incapaz de pensar com suas próprias cabeças. E o pior, saber que acreditarão na próxima hipótese de Apocalipse. Saber que precisam estar se sentindo ameaçadas o tempo todo para ter assunto. E será bem comigo que virão conversar sobre o próximo tema.

28 de jun. de 2012

Os perigos dos posicionamentos apressados


Irineu Tolentino

Confesso que fiquei muito preocupado com o apoio que a revista Veja e o Jornal Folha de São Paulo deram ao golpe contra Lugo no Paraguai.

São, obviamente, dois importantes veículos de comunicação que participaram da nossa História e, cada um à sua maneira, deu sua contribuição à democracia. Porém, eles minimizaram, sem argumentos plausíveis, o violento golpe contra o regime democrático de um país que mantém relações com o Brasil, subavaliando o perigoso risco de contágio que isso poderia causar aos demais países do bloco.

Não é só pessoas de bem que fazem coligações e parcerias. Imaginem se ignorássemos o golpe do Paraguai. Certamente os golpistas estreitariam laços com pessoas dos demais países que compartilham dos mesmos "valores", fragilizando a democracia em todo o bloco.

Felizmente, o Mercosul suspendeu o Paraguai. Não podia ser diferente. Vivemos um momento histórico em que a transparência e a segurança jurídica devem ser valorizadas,  sob pena de perdermos as grandes conquistas populares que custaram muitas dores e vidas humanas ao longo do tempo.


27 de jun. de 2012

A Reforma Penal


Luiza Eluf *

Ninguém duvida de que o Código Penal de 1940 precisa ser atualizado.

No intuito de dar os primeiro passos nessa tarefa imperiosa, a presidência do Senado Federal nomeou uma Comissão de 16 juristas de todo o Brasil, presidida pelo Ministro Gilson Dipp, do STJ, para redigir um anteprojeto contemplando as alterações necessárias ao Estatuto em vigor e mais toda a legislação criminal que foi sendo criada ao longo das últimas décadas e que se encontra fora do Código, perfazendo  um total  de 110 Leis Extravagantes.

Como acabaram as filas do INSS


Luis Nassif

No Seminário “Modelos de Gestão”, do projeto Brasilianas, o ex-Ministro da Previdência Nelson Machado contou em detalhes uma das mais bem sucedidas experiências em gestão pública no país: o fim das filas do INSS.

Antes da Previdência, teve papel essencial no governo eletrônico implantado por Yoshiaki Nakano, no primeiro governo Mário Covas, em São Paulo.

Em ambos os casos, Nelson Machado detectou as duas pré-condições para mudanças de gestão bem sucedidas, o que ele denomina de “alinhamento dos astros":

1. Decisão política: vontade de fazer, o que depende do governante, governador ou presidente.

2. Competência técnica: capacidade de responder aos desafios.

Lula lhe conferiu duas missões objetivas: combater as fraudes e acabar com as filas do órgão. Machado colocou uma condição apenas: profissionalizar a gestão.

Dilma, abra o olho!


Irineu Tolentino

O governo brasileiro terá uma situação muito difícil pela frente. Muito mesmo!

O cenário global ainda é péssimo do ponto de vista econômico.

A Síria, que já se encontrava em uma situação ruim, passando por forte instabilidade interna, derrubou um avião da Turquia, uma potência bélica membro da OTAN, a qual pode revidar a qualquer momento. Se vai, não sei, mas pode.

O golpe perpetrado no Paraguai, embora possa parecer algo insignificante, em princípio, tem o condão de abalar a estabilidade da América do Sul, indicando que a "reacomodação" política do Oriente Médio e Europa chegou por aqui. Ainda que os motivos sejam diferentes, os efeitos podem ser semelhantes inibindo investimentos no Brasil.

Acrescente a isso tudo o fato de que o PIB  brasileiro (por mais otimistas que sejamos) está caindo, ao passo que a arrecadação do governo e o crédito estão subindo. Isso indica endividamento crescente sem crescimento da economia; logo, sérios problemas à vista.

Os pacotes de bondades que certamente serão divulgados dificilmente conseguirão conter o estancamento econômico que se avizinha.

Algumas semanas atrás eu até tinha uma visão mais otimista, mas ela não se sustenta diante do cenário atual que, visivelmente, piorou.

Diante disso, o governo deveria pensar seriamente em reduzir a carga tributária de forma efetiva e não se limitar a reduzir impostos  para alguns produtos e mandar a conta para outros (como fez com os carros, cuja conta quem pagou foram as motocicletas).

Na prática, a redução de IPI foi um engodo, já que a carga tributária geral aumentou em proporção maior que o crescimento da economia.

Ou seja, diante do que se vê, as estimativas não sao nada boas...

26 de jun. de 2012

A pobreza editorial da Folha de São Paulo


Agora é a Folha de São Paulo que resolveu apoiar o Golpe no Paraguai contra Lugo no seu editorial desta terça.

Ela sustenta que "o motivo principal da derrocada foram os efeitos desastrosos da crise econômica no Paraguai, cujo produto nacional deverá encolher 1,5% neste ano. A popularidade presidencial se desfez depressa, tornando possível a formação da esmagadora maioria congressual que o afastou do cargo".

Como ela pode invocar um argumento estapafúrdio desses? Como pode examinar a  questão, sobretudo índice econômico, passando ao largo da crise global?

Como um jornal pode alegar que a queda de Lugo é merecida diante "dos efeitos  desastrosos da crise econômica",  levando o PIB a 1,5% se até os iletrados tem conhecimento da crise econômica que  assola o mundo atualmente, quebrando mercados e fazendo os PIBs encolherem? Até o Brasil, recentemente,  viu-se diante de tal situação com o chamado "PIBinho" estimado para 2012 para patamar inferior a 2%, quando o próprio governo previa algo em torno de 3,5 ou 4%.

Como ela pode dizer que foram obedecidos os preceitos legais  se não se respeitou o mais básico de todos, que é o direito à defesa?


Se querem processá-lo e levá-lo ao impeachment, que o façam, mas façam-no direito, respeitando os preceitos jurídicos mínimos que todo ser humano merece, sobretudo os cidadãos dos Estados Americanos (no caso o Paraguai).

Isso, além do bom senso, é o que decorre da Convenção Americana sobre Direitos Humanos:
"(...)

Artigo 8.  Garantias judiciais

 
            1.      Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
 
            2.      Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa.  Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
 
a.       direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;
 
b.       comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;
 
c.       concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa;
 
d.       direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor;
 
e.       direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
 
f.     direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos;"


Notem que eu não defendo o Lugo (também não tenho motivos para condená-lo), mas o direito que os acusados em geral têm de se defenderem, o que nos diz  respeito já que o Brasil também é subscritor do Pacto de San José da Costa Rica (a Convenção Americana sobre Direitos Humanos). E esse direito, efetivamente, não aconteceu no Paraguai. Lugo teve apenas  2(duas) horas para se defender de acusações genéricas de “mau desempenho de suas funções”.

Ele pode até não ter sido um bom Presidente, não é isso que está em questão (aliás, tal julgamento cabe ao povo paraguaio), o que está em questão é a ruptura democrática que é patente e pode ameaçar o equilíbrio das  relações comerciais e diplomáticas com os demais países do Mercosul e UNASUL.

Quanto à Folha de São Paulo, melhore os argumentos do editorial para nos permitir uma compreensão do seu ponto de vista. Como está, há um quê de parcialidade e inadequação jornalística.

25 de jun. de 2012

Nunca provoque pessoas inteligentes! Churchill 2


Telegramas trocados entre o dramaturgo Bernard Shaw e Churchill, seu desafeto.

Convite de Bernard Shaw para Churchill:

"Tenho o prazer e a honra de convidar Vossa Excelência, digno Primeiro-Ministro, para a primeira apresentação de minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver.

Bernard Shaw"

Resposta de Churchill:

"Agradeço ao ilustre escritor o honroso convite.
Infelizmente não poderei comparecer na primeira apresentação. Irei à segunda, se houver.

Winston Churchill"

Os mercadistas venceram

www.cicero.art.br

Luis Nassif

Quem venceu a grande discussão econômica dos anos 90?

Numa ponta, os seguidores do chamado "consenso de Washington", que dizia que bastaria a um país equilibrar suas contas fiscais (ainda que ao custo de destruir sua infraestrutura e suas políticas sociais), não se importar com os juros e dar plena liberdade aos fluxos de capitais para o desenvolvimento se impor por si só.

Na outra ponta, os críticos que mostravam que capitais especulativos não pavimentam o desenvolvimento a longo prazo. Pelo contrário, sua volatilidade e seus impactos sobre o câmbio impedem a consolidação da economia.

Paraguai: Primavera Pirata



Irineu Tolentino

Foi a melhor expressão que encontrei para qualificar o injusto afastamento de Fernando Lugo do poder.

Se eu deixasse a retórica de lado,  poderia chamar o golpe de "Primavera Reversa", já que perpetrada pelas autoridades constituídas e contra o povo.

E era só o que faltava nesse mundo maluco: o Paraguai, que era conhecido por comercializar produtos piratas, passou a exportar "Primavera Pirata". As autoridades constituídas tomaram o poder do povo, na "mão grande", afastando seu representante legítimo; e tudo se deu na calada da noite, mediante um "processo sumário" como dizem por aí (na verdade, foi um processo relâmpago, pois começou num dia e terminou no outro).
 
A questão pode ser analisada de diversas formas, sob os mais variados ângulos; de todos eles, sempre fica algo estranho no ar.


"Vamos supor - apenas por amor ao debate - 
que Lugo devesse mesmo ser afastado.
Ainda assim, ele teria direito à defesa
como todos os acusados, 
e defesa pressupõe tempo."
 

Em qualquer país do mundo, nem ladrão de galinha é processado tão rápido. Imaginem um Presidente acusado de..."não ter cumprido suas funções adequadamente", pesando-lhe a pena de impeachment...

Pergunto: O Parlamento paraguaio cumpriu suas funções adequadamente?

Do ponto de vista jurídico, vale a pena ler o posicionamento do Juiz de Direito Rosivaldo Toscano Júnior (artigo), muito melhor e mais técnico do que o apressado "parecer jurídico" do Reinaldo Azevedo (o blogueiro contratado da revista Veja). De se dispensar também, a apressada análise da revista Veja, que se posicionou favoravelmente ao golpe sem qualquer argumento plausível.

Nenhum país do mundo tem soberania suficiente para rasgar tratados e convenções internacionais (dos quais é signatário), sem que haja sanção. Nenhum! Logo, é natural que os  demais oponham-se ao golpe, com todos os poderes que os tratados internacionais lhes conferem. Isso é convenção internacional, não violação de soberania. É um direito dos vizinhos e parceiros comerciais de ver a lei respeitada e a ordem estabelecida. 

Vamos supor - apenas por amor ao debate - que Lugo devesse mesmo ser afastado. Ainda assim, ele teria direito à defesa como todos os acusados, e defesa pressupõe tempo. 

Dá para dizer que, num processo instruído na calada da noite e com sentença proferida no dia seguinte, houve defesa? Qualquer advogado sabe que não daria tempo nem de juntar documentos se a questão fosse exclusivamente de direito, quanto mais havendo necessidade de se produzir provas (no mínimo, ouvir testemunhas sob o crivo do contraditório).

Aliás, a questão central é essa: condenação sem direito a defesa.  Se Lugo tivesse que ser afastado não o poderia sem que antes lhe fosse assegurado tal direito. Isso é básico em qualquer democracia.

Espero que Dilma não abone a política do "vale-tudo" no Paraguai, como Lula fez em relação ao Maluf.  Se ela fizer isso, em algum momento, haverá de posar  ao lado de Federico Franco para uma desagradável foto tirada para a posteridade.

O Paraguai está numa sinuca de bico: o país ficará ingovernável diante das sanções dos países vizinhos. E, se voltar atrás, quem julgará os algozes de Lugo?


24 de jun. de 2012

Grécia: risco ainda é grande

 
Do Jornal de Negócios 

Europeus duvidam da permanência da Grécia na zona euro

Os cidadãos das quatro maiores economias da zona euro - Alemanha, França, Itália e Espanha - duvidam da capacidade da Grécia para se manter no euro e manifestam-se muito ligados à moeda comum, segundo uma sondagem a publicar domingo.

Para a grande maioria dos inquiridos na sondagem europeia do Ifop-Fiducial, divulgada pela agência AFP e a ser domingo publicada em vários meios de comunicação social, "o dinheiro emprestado à Grécia é dinheiro perdido" porque Atenas nunca terá capacidade para o devolver. Esta opinião é partilhada por 85 por cento dos franceses, 84 por cento dos alemães, 72 por cento dos espanhóis e 65 por cento dos italianos.

Os cidadãos dos quatro países são ainda pessimistas em relação ao aumento dos problemas da zona euro, caso a dívida grega não seja reembolsada: 90 por cento dos espanhóis, 88 por cento dos italianos, 84 por cento dos franceses e 76 por cento dos alemães acreditam que "as dificuldades vão aumentar perigosamente".

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Até que a morte nos separe



Eu adoro body language.

Aquela coisa que faz a gente saber que um colega de trabalho está saindo escondido com uma colega de trabalho.

Que faz a gente sacar que a mulher do amigo, embora esteja ao lado dele sorrindo em uma festa, quer pedir a separação.

Que faz a gente notar que alguém é a fim da gente, ou vice versa.

Alguns colocam isso como ciência e escrevem livros. Já li um deles, mas não acho que esteja correto catalogar.



"O medo que o psicopata causa em todos nós 
é justamente esse: ele não dá pistas, ou, 
se dá, são sutis"
 

A body language também muda de pessoa para pessoa. E, quando conhecemos bem alguém, ele se torna uma língua fluente. O jeito como uma pessoa fecha a porta já nos diz que ela está irritada, ou ansiosa. Por vezes, contamos uma coisa a alguém e essa pessoa diz: "eu já sabia", só de observar nosso comportamento.

Eu olho para essa foto e vejo uma coisa interessante no casal, vejo ausência total de intimidade. Uma foto posada entre duas pessoas que não se conhecem. Ele parece o primo do noivo, alguém que a noiva viu poucas vezes. Vejo distância, não encostam os corpos.

A mão dele não aperta ela, não transmite tato, apenas encosta. Ela se apoia na mão dele como que para não cair.

Já dizia Samantha, de Sex and The City, que a coisa mais íntima que um casal faz não é transar, é segurar na mão, andar de mãos dadas.

Agora, uma coisa que ninguém diz, olhando para essa foto, é que ela seria capaz de esquartejá-lo ainda vivo. Cortar a cabeça e o braço antes dele terminar de morrer. O medo que o psicopata causa em todos nós é justamente esse: ele não dá pistas, ou, se dá, são sutis. Andam por aí de vestido de noiva e franjinha e ninguém nem se liga de nada. Que meda!

23 de jun. de 2012

Valeu Jota Quest!


Irineu Tolentino

Acabei de assisti a um show da banda Jota Quest onde foi exibido um "curta metragem" da política e da corrupção no Brasil, com direito a abracinhos hipócritas de políticos e dinheiro na cueca...

Parabéns à banda! A exibição do vídeo foi ótima (embora curta). Vale a pena dar continuidade ao trabalho para contagiar outros artistas, inclusive, a utilizarem as letras e músicas, como o Jota fez com a música "La Plata, no CD homônimo.

Venho batendo nessa tecla há algum tempo neste blog, especialmente em  "Cadê os artistas?", na esperança de que eles voltem a lutar pelo Brasil e pelas grandes causas.

Isso dá resultados positivos tanto para o país quanto para as próprias bandas. Deu para a Legião Urbana, Barão Vermelho, Tom Zé, Capital Inicial (aliás, o VTNC Sarney, proferido pelo Dinho no último Rock'n Rio, fez um eco danado nas redes sociais).

Tantas bandas e artistas internacionais utilizaram seus trabalhos de forma primorosa, dando as suas contribuições ao mundo: U2, Michael Jackson, Pynk Floyd, Chaplin... A lista é memorável e interminavel.

Esperemos que outros artistas façam coro às grandes causas e mostrem que estão vivos e prontos para servirem ao bem.

Público para isso há, e muito; e a História sempre premia quem lhe serve.


Por que a Rio+20 não funciona?


Irineu Tolentino

Simples! Porque num mundo de capitalismo selvagem (como o nosso), nada do que se opõe aos interesses econômicos vinga. Nada!

Lembram-se das lâmpadas de antigamente, que demoravam para queimar?

Pois é, precisavam apenas de um ajuste no consumo de energia para se adequarem aos novos tempos. Porém, a indústria, orquestrada pela "senhora Ganância", modernizou o consumo de energia e, de brinde, como as considerava "anti-econômicas" (pois não queimavam), reduziu-lhes, por convenção, debaixo dos olhos de todo mundo, a vida útil. E fizeram isso com vários outros produtos.

Mudamos das garrafas de refrigerantes e cerveja retornáveis, para as descartáveis (garrafas PETs e latinhas); deixamos os supermercados sucumbirem aos produtos pré-embalados em plásticos, em detrimento dos que eram vendidos a granel, em sacos de papel, e, portanto, mais ecológicos.


"No dia em que o mercado deixar de trocar de carro todos os anos, a indústria automobilística quebra e com ela outras indústrias-satélites, e mais outras, até que, por fim, Estados inteiros; pois não aprenderam a equilibrar produção e consumo responsável."


A pressa da vida moderna e a preguiça do ser humano geraram "filhos delinquentes": o consumo desenfreado, a falta de consciência ecológica, lixo a perder de vista...

O mundo de hoje está moldado para consumir coisas úteis e fúteis. O ser humano, para sobreviver bem, precisa apenas das úteis (tudo bem, algumas supérfluas...), porém, a Economia, como foi forjada, não sobrevive sem o supérfluo.

Quer um exemplo? No dia em que o mercado deixar de trocar de carro todos os anos (já que carro é um bem durável), a indústria automobilística quebra e com ela outras indústrias-satélites, e mais outras, até que, por fim, Estados inteiros; pois não aprenderam a equilibrar produção e consumo responsável. Por conta disso, vivemos perigosamente numa zona cinzenta que ameaça o mundo.

É por tal motivo que Obama e Merkel não vieram para a Rio+20. Tudo bem que o Ahmadinejad estava lá (o que até pode ser uma boa desculpa para eles); mas as grandes potências não concordam com as propostas verdes e com a mudança de paradigma na Economia. Se isso acontecesse elas teriam que começar do zero ou próximo disso, como todos os demais países, e perderiam sua "importância" global.

O representante dos EUA sequer soube esclarecer o conflito entre a alegação de que o meio-ambiente é muito importante para Obama e a sua ausência no evento. Essa é a postura da maior economia do mundo; mundo que ela está destruindo e quer que salvemos.

Mas, apesar de toda essa indiferença, principalmente estadunidense (que, obsta a inclusão efetiva da economia verde na pauta global), o Brasil deve continuar a luta fazendo alianças com países mais responsáveis ecologicamente.

22 de jun. de 2012

Entrevista: Jorge Amado e os livros, o Brasil, a política...



Uma longa, histórica e bela entrevista com um dos maiores escritores brasileiros: Jorge Amado.

Aliás, ele foi mais do que um escritor, foi uma testemunha da História contemporânea e co-autor dos princípios liberais-democráticos na Constituinte de 1946.

Vale a pena ler de novo!




Do UOL

Aqui, o mais famoso escritor brasileiro depõe sobre literatura (e aponta seus mestres), política (recorda seus passado comunista), comenta a atual situação do País, pede justiça social, lembra seus amigos com carinho e fala de um bem que considera imprescindível: a liberdade.



"Eu tenho a impressão de que, 
às vezes, as pessoas, inclusive os jornalistas, não se dão conta de que o país avançou. Ficam com uma imagem muito atrasada, muito anterior do Brasil"


O que é ser escritor num país onde pouco se lê? Eu vou começar discordando. Eu acho que não é verdade. Começa-se a ler bastante, no Brasil. Há uma coisa muito curiosa. Eu tenho a impressão de que, às vezes, as pessoas, inclusive os jornalistas, não se dão conta de que o País avançou. Ficam com uma imagem muito atrasada, muito anterior do Brasil. Houve um momento que realmente não se lia no Brasil. Quando estreei o meu primeiro livro, há 57 anos, em setembro de 1931, uma edição de mil exemplares já era uma boa edição, dois mil já era excelente, três mil então... nem se fala... Quando José Olympio fez cinco mil exemplares de meu livro Jubiabá e de Banguê de José Lins do Rego, foi aquela coisa... o mundo vinha abaixo... cinco mil exemplares! Compreende? Nunca se tinha feito aquilo, pelo menos até aquele momento.

E como é que o sr. se sente sendo o escritor mais lido no Brasil? Eu me sinto mal. Porque acho que deviam ter cinqüenta escritores mais lidos no Brasil. Eu não sei se sou o escritor mais lido no Brasil, talvez. Há algum tempo, nós éramos dois: Érico Veríssimo e eu próprio. Deixa te dizer uma coisa, neste particular. Eu me sinto muito satisfeito de que hoje no Brasil existam já vários escritores que vivem da sua profissão de escritor. Houve um momento em que nós éramos dois no Brasil a viver dos nossos livros. O grande mestre da literatura brasileira que se chamou Érico Veríssimo e eu próprio.
 
Como é que o sr. vê a produção literária brasileira nos dias de hoje, na década de 80? Você fala da produção sob o ponto de vista editorial ou literário?

Sob o ponto de vista literário. Do ponto de vista literário acho que há uma coisa extremamente positiva. Há uma grande diversificação na literatura brasileira... esta diversificação sempre existiu, faz com que você tome autores contemporâneos e... deixa primeiro te dar um exemplo... veja por exemplo, José de Alencar e Machado de Assis. Você vê que é a mesma grande literatura brasileira, mas cada um com a sua matriz própria.

21 de jun. de 2012

O Grito


Marta Matui

A Parada Gay dá preguiça. Ok, serve para demonstrar que são muitos e que são diversificados pra caramba.

Fora isso, parece um carnaval sem carnavalesco e sem samba enredo, boiando deslocado no tempo e no espaço. Um carnaval onde todas querem ser destaque e ninguém quer ser baiana.

Mas, algumas coisas são interessantes, como essa pesquisa que demonstrou que a maioria que participou da Parada é corinthiana.

Engraçado, né? Porque qualquer coisa que a gente diga que arranhe a masculinidade de um corinthiano eles imediatamente gritam: "Aqui é Corinthians!". Esse grito sempre significou "somos machos!", "somos do povo e machos", "somos sofridos e lutadores, mas somos machos!".

E agora? Um terço da Parada Gay era corinthiana, como se explica isso?

Ou ser corinthiano não é exatamente ser macho mas sim apenas torcer para um time, ou os corithianos são muito curiosos, e, mesmo machos pra caramba, foram lá ver se a festa era boa.

Poema sem nome


É preciso 
não apenas criar a personagem.
Como um ator, 
passar a sê-la,
transmutar-se nela,
isso é preciso.

Viver a sua vida 
e sentir suas emoções mais íntimas,
conhecer seus segredos mais obscuros.

E aí, então, 
decifrados seus enigmas,
voltar a si 
e desfrutar da sua companhia,
pois que agora está pronta 
e existe por si só,
concretamente, 
um ser distinto dos demais,
na imaginação de cada leitor.

As recomendações da Rio+20


Luis Nassif

Pelo modelo adotado na Rio+20, na semana passada houve uma série de seminários preparatórios visando selecionar recomendações aos chefes de Estado.

Coordenei o grupo “Recomendações do Desenvolvimento Sustentável como uma Resposta às Crises Econômicas e Financeiras.

A primeira recomendação do grupo foi selecionada a partir de votações pela Internet.

20 de jun. de 2012

Severn Suzuki, a menina que calou o mundo na ECO-92

Irineu Tolentino

Ela era só uma criança, mas a beleza poética das suas palavras, da sua postura e da sua impostação de voz, fez queixos caírem, vinte anos atrás, ao proferir um discurso maduro, consistente e admonitório.

É uma pena que a semente que ela plantou na ECO-92 não germinou, caiu em solo estéril; como sempre, quando o assunto é proteger o mundo.

Hoje, enquanto se realiza a Rio+20, o mundo continua mais pobre, mais sujo, mais violento e menos verde. Nós, os "adultos", ainda não entendemos nem o recado e nem a sua importância.

Resta-nos, apenas, ouvi-la de novo. Talvez assim, numa segunda tentativa que a sorte nos dá, possamos nos esforçar, efetivamente, para debelar os efeitos nocivos da nossa postura irrefletida perante o mundo. Compreender o discurso e mudar de atitude será um luxo reservado a poucos iluminados.

Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça!


O PT e suas relações masoquistas



Algumas vezes defendo o PT, quando concordo com os projetos e atitudes (prova que não sou antipetista). Outras, talvez até por me faltar compreensão - ou por vislumbrar uma certa estranheza - não o apoio (prova de que não sou petista).

Exemplo claro e atual, são as relações do PT com Paulo Maluf.  Associar-se a um sujeito "procurado" pela Interpol (confira), só pode ter sido ideia do Serra, já que é um suicídio político para o PT.


"...essa associação PT-Maluf sugere que Lula já não tem mais feeling apurado, o que pode colocar a perder todo o seu ativo político"


A Erundina também não entendeu nada! Tanto que se recusou a ser vice de Haddad em razão dessa..."parceria". E ela tem razão! Aliás, ganhou ponto comigo por mostrar coerência política.

Como pode o partido da Presidente da República sujeitar-se a isso? Será que, para alavancar a candidatura do Haddad, farão coligações também com as FARCs e traficantes?

Com essa atitude, percebe-se que o que está em jogo não é só a Prefeitura de São Paulo, mas, também, a própria Ética. Será que para o PT os fins justificam os meios?

Realmente, parece que o PT não merece a prefeitura de São Paulo. Comete um erro atrás do outro: um foi a escolha do Haddad ao invés da Marta, outro, são essas relações estranhas que, no mínimo, deveriam ser esclarecidas à população.

Aliás, essa associação PT-Maluf sugere que Lula está perdendo seu feeling. Isso é grave para ele, pois coloca em risco seu ativo político.

Acorda companheiro!

19 de jun. de 2012

Porque substituir o PIB como medida


Luis Nassif

Uma das grandes discussões - suscitadas pela Conferência Rio+20 sobre o meio ambiente - é a respeito do PIB (Produto Interno Bruto) como indicador fundamental de desenvolvimento.

Há décadas o PIB tornou-se fetiche, sinônimo de possibilidades de melhoria dos cidadãos, de geração de emprego, de acesso ao desenvolvimento sustentado, principal objetivo perseguido pelas políticas econômicas de todos os países.

Castelo de cartas


Irineu Tolentino

O ser humano ainda é incapaz de perceber a sua conexão com o mundo.

Tudo está a lhe ensinar, inutilmente, que no Universo existe ordem, ciclos, interdependência, música, dança, pulsação e vida.

É lamentável, que um ser "racional" precise de instituições, agendas, leis, campanhas e eventos constantes para fazê-lo entender que ele não está só no mundo e que o mundo não é só dele.

Rio+20, Cúpula dos Povos, Greenpeace, WWF, Código Florestal, sustentabilidade, energias limpas, reciclagem, reuso, respeito à natureza e, por conseguinte, a si mesmo...

Pena que, enquanto ele não entende, vai poluindo e destruindo o que mais importa. Subvaloriza a Natureza e glorifica o seu fútil mundo paralelo, tumultuado, violento, sujo, confuso e dispensável.

Deixa o paraíso para viver num castelo de cartas...frágil e tosco.
 

18 de jun. de 2012

Grécia: Conservadores ganharam. E agora, José?

Quem manda na Grécia?

Irineu Tolentino

A "vitória" das eleições gregas pelo partido conservador Nova Democracia, liderado por Antonis Samaras, na verdade, é a assunção de uma grande responsabilidade num momento extremamente frágil da História da Grécia e da Europa.

Porém, a gravidade da situação - por incrível que pareça - dá um certo alívio a Samaras. Segundo o senso comum, os obstáculos já são intransponíveis; assim, o que ele fizer estará bom. De outro lado, se o plano dos conservadores não der certo e a Grécia sair da Zona do Euro (o que ainda é muito provável), não será por culpa dele.

Sigmund

– Corro o mais que posso. Não sei para onde, estou perdida em meio a uma floresta densa e escura. À minha frente, vejo apenas a parede verde das folhagens, dos caules das árvores cobertos pelo musgo úmido, em muitos tons. Das folhas pingam gotas férteis de pólen, mas estranhamente estou seca, nem mesmo o suor do cansaço molha minha roupa. Não sei o que acontece, nem como, mas ao me atirar em direção à parede viva, esta se abre como que num passe de mágica, para se fechar logo mais atrás de mim, de minha desabalada carreira, meus pés mal tocam o chão, flutuando sobre o tapete de relva e folhas caídas.
 

17 de jun. de 2012

Eleições: Grécia escolhe ‘troika’ para se manter no euro

Antonis Samaras, líder da Nova Democracia, ontem, depois de conhecer a vitória nas eleições.Por Luís Rego em Atenas
do Económico
18/06/12 00:05
Antonis Samaras, líder da Nova Democracia, ontem, depois de conhecer a vitória nas eleições.

Língua de manteiga

Crédito da Foto: Victor Tolentino

Marta Matui

No filme La Délicatesse um dos personagens vê uma linda mulher e pensa: se ela pedir um suco de damasco eu me aproximo e falo com ela.

Ora, a moça pede: "Une jus d'abricot, sil vou plait". E eu pensei, qualquer pessoa falaria com qualquer pessoa mediante a expressão "jus d'abricot".

Experimente falar "jus d'abricot" sem ficar irresistível, impossível. Mas fale direito, jiuudabrrrrrrricô. Viu? Qualquer troglodita fica interessante se falar isso.

O francês é parecido com aquele gato de botas do Shrek, aquele que arregala um olhão e faz aquela cara de me ame.

Me parece possível conseguir tudo se falado em francês. E aí lembrei do episódio do Laboratório de Dexter quando ele aprende a falar Omelette du Fromage. Vira herói (embora eu ache que o certo é falar omelette au fromage).

O francês é a língua mais linda que existe, mas me escapa, como um porco besuntado de manteiga. Un porc recouverte de beurre. 

Assim é o francês pour moi.

16 de jun. de 2012

Chamada para a Cúpula dos Povos


Chamada de divulgação da Cúpula dos Povos, na Rio+20, por Justiça Social e ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns.

O evento acontecerá de 15 a 23 de junho de 2012, de forma paralela e crítica à Conferência das Nações Unidas, e tratará do Desenvolvimento Sustentável. Vai encarar?

Veja o vídeo!





O Brasil será o país da produção, não da especulação

Por Marco Antonio L.
Da Istoé Dinheiro
Guido Mantega: "O Brasil será o país da produção, não da especulação"


A presidenta Dilma Rousseff convidou os governadores ao Palácio do Planalto na sexta-feira 15 para anunciar a criação de uma linha especial de crédito de R$ 20 bilhões para os Estados, destinada a estimular o investimento no País.

Por Guilherme BARROS, na Dinheiro

Depois do baixo crescimento do PIB no primeiro trimestre, o governo partiu para o ataque. A prioridade é o investimento. Em entrevista exclusiva concedida à DINHEIRO, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que não existe distinção entre estímulo ao consumo e o investimento. “A cada oito medidas de estímulo ao investimento, tomamos duas para o consumo”, afirma. Mantega também rebate as críticas de excesso de intervencionismo na economia. “Nunca existiu.” Sobre a redução da euforia em relação ao Brasil, diz que o entusiasmo só acabou para os especuladores. “O Brasil será o país da produção, não da especulação.” Para ele, o País vive hoje uma revolução com a queda da taxa básica de juros. “Com a Selic neste patamar, as aplicações no mercado financeiro vão ser deslocadas para o mundo real”, diz Mantega, que ainda aposta num crescimento do PIB acima de 3% para este ano.

15 de jun. de 2012

Nunca provoque pessoas inteligentes! Churchill...



Quando Churchill fez 80 anos, um repórter (de menos de 30) foi fotografá-lo e disse:

"Senhor Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos."

Churchill retrucou:

"Por que não? Você me parece bastante saudável…"

14 de jun. de 2012

Vivendo e Aprendendo


Cara, eu nasci em abril de 1964. Então, quando eu nasci já era ditadura militar. Logo, pra nós crianças, era normal cantar o hino à bandeira em pé no pátio do colégio com a mão no coração. Pra nós era assim, nunca tivemos outra vida.

Passei 18 anos da minha vida sem ver nenhuma eleição para presidente. Os caras falavam "agora é o Garrastazu Médice", e ok. A gente voltava pra pular mãe da rua e nem tchum. "Agora é o Ernesto Geisel", e ok, voltávamos pra rua pra jogar bets (aqui em São Paulo chama taco).

Meu pai tinha um adesivo colado no carro "Brasil, ame-o ou deixe-o", que para mim fazia sentido. Se não amasse o Brasil deveria mesmo mudar de país. O adesivo do posto Shell dizia isso. O adesivo era legal, quem enchesse o tanque ganhava. A gente também ganhava um perdigãozinho amarelo de chaveiro se comprasse os produtos Perdigão, tinha um que era mulher porque tinha sapatinho de salto alto. Ganhávamos muitos brindes, bonequinhos das marcas Brasilinos. Também vinha anel dentro dos sacos de pipoca doce.

Foi só quando eu fiz 19 anos e já trabalhava da rua 7 de Abril, no centro de São Paulo, que me liguei que eu deveria poder votar. Caiu uma aspirina gigante na minha cabeça e eu despertei para a vida.

E hoje, se você olhar uma foto do movimento das Diretas Já pode saber de uma coisa: uma dessas cabecinhas é minha. Lá estive exigindo o que hoje parece ser tão normal e natural: votar para Presidente. E foi muito legal.

O índice de "crimes perfeitos" no Brasil é alarmante


Irineu Tolentino

A revista eletrônica Consultor Jurídico publicou a matéria "Brasil arquiva 80% das investigações de homicídios", assinada por Rodrigo Haidar, onde foi denunciada a preocupante falta de atenção do Estado com a segurança pública.

Os números são muito preocupantes. Muitas pessoas são mortas sem se saber quem são os autores dos delitos. Não seria demais afirmar que a impunidade está institucionalizada.

Basta uma rápida pesquisa no seu mecanismo de busca preferido para se ter uma ideia do que estou falando (se você for uma pessoa sensível, recomendo que não clique nesse link).

Em tese, o delito de homicídio, do ponto de vista técnico, é um dos mais difíceis de serem executados de forma perfeita (se é que existe crime perfeito). Comumente, ele deixa rastros tanto materiais quanto pessoais. As provas técnicas, muitas vezes, falam por si mesmas (impressões digitais, áudio, vídeo, perícias diversas, etc), porém, é comum serem ignoradas ou subavaliadas. Assim, na prática, dada a indolência do Estado, o delito se torna fácil.

Mesmo nos casos onde se contrata um executor, via de regra, o delito é praticado após algum abalo em relações comerciais, políticas, sociais ou passionais. Logo, sempre tem alguém que tem algo a dizer para ajudar a polícia e a justiça.

A situação se agrava mais ainda quando os crimes são praticados  após as vítimas terem registrado boletins de ocorrência denunciando as ameaças que vinham sofrendo.

Pelo menos dois problemas saltam das estatísticas: o homicídio em si mesmo e a falta de investigação eficiente que levaria à punição.

Parece-me que está claramente demonstrada a incapacidade do Estado para prevenir e punir; o que recomenda, urgentemente, modificação na política de segurança pública do país.

13 de jun. de 2012

Fim do mundo+20


Do blog Tutty Humor
  
Conferência sobre o clima é um negócio que o ser humano inventou para dar a impressão de que não está totalmente alheio ao fim do mundo. Hora de mostrar que a lambança ambiental é um fenômeno consciente e devidamente sustentável pela estupidez da raça.

Tudo que o homem não fará nos próximos 20 anos para preservar o planeta e a própria espécie será exaustivamente combinado por representantes de 193 países reunidos a partir de amanhã na tal Rio + 20.

Tudo que o homem ficou de fazer e não fez nos últimos 20 anos contra o aquecimento global e a degradação da biodiversidade também será revisado em debates e exposições interativas sobre desmatamento, efeito estufa, secas, inundações, degelo, poluição, fome…

Nos próximos 10 dias, o Rio será transformado numa espécie de parque temático do fim do mundo, com alternativas de final feliz à base de desenvolvimento sustentável, economia verde, erradicação da pobreza, inclusão social e, se bobear, namorada(o) bonita(o) para todos.

Pode não servir para nada depois que a conferência terminar, mas quando enfim o mundo acabar, restará ao ser humano o consolo de que não foi por falta de aviso – tá sabendo, né?

A Constituição mundial sobre o meio ambiente


Luis Nassif

A Conferência Rio +20, sobre meio ambiente, chegará a bom termo ou será um fracasso?

A julgar pelo histórico das discussões ambientais anteriores, a medida entre o sucesso e o fracasso será a questão da criação de uma constituição mundial para legislar sobre o meio ambiente.

As questões ambientais são intranacionais. Ações de determinado país podem interferir no meio-ambiente global, afetando outros países. Além disso, medidas de conservação e de sustentabilidade tendem a onerar economias nacionais, deixando em melhores condições de competitividade países predadores. Por outro lado, países desenvolvidos tem largo passivo de questões ambientais. Conquistaram posições hegemônicas sacando contra um bem universal: o meio ambiente. Como impedir que restrições de ordem ambiental atrapalhem o desenvolvimento e a inclusão social dos emergentes e dos atrasados?

12 de jun. de 2012

Não provoque pessoas inteligentes! Einstein...



Certa vez, a miss New Orleans disse a Einstein:

"Prof. Einstein, eu gostaria de ter um filho com o senhor! A minha justificativa se baseia no fato de que eu, como modelo de beleza, tendo um filho com o senhor, certamente ele teria a minha beleza e a sua inteligência".

Einstein respondeu:
"Senhorita, o meu receio é que o nosso filho tenha a sua inteligência e a minha beleza".

A Síria já passou da conta!

 Irineu Tolentino

A Primavera Árabe não foi suficiente para derrubar Bashar al-Assad.

O mundo assiste, passivamente, a uma série de atos típicos da Idade Média, inclusive envolvendo crianças com idade  em torno dos 10 anos: prisões, tortura, mortes, mutilações... E isso feito pelas  tropas do próprio governo. 

Crianças são colocadas em tanques de guerra para funcionarem como escudos humanos a fim de inibirem os ataques dos "rebeldes". Na verdade, rebelde está sendo o governo. Se há grupos que, de forma medíocre, fazem isso, em hipótese alguma o governo deveria imitar esse comportamento. Assad não é dono da Síria e nem do povo.

Os desafios de implementar a economia verde


Luis Nassif

No sábado próximo, estarei mediando uma das mesas do Rio+20, o encontro global para discutir a questão do meio ambiente e da sustentabilidade.

Será uma mesa internacional, com as presenças de Yilmas Akyuz (Unctad), Fábio Barbosa (ex-ABN, ex-Santander), Marcela Benitez, da Argentina, Enrique Iglesias, do Uruguai (ex-secretário geral do BIRD), Caio Koch-Weser, da Alemanha, Herman Mulder, da Holanda, Kate Raworth, do Reino Unido, Maria da Conceição Tavares, Jeffrey Sachs, dos Estados Unidos, e Shi Wang, da China.

Não será desafio fácil.

O empréstimo da Espanha, visto por Portugal


Irineu Tolentino

Ontem, publiquei aqui o artigo  "A Espanha e os € 100 bilhões" analisados os efeitos do pedido de socorro. 

Ao lado da quantia solicitada, da situação da Espanha e da Europa, tomei como referencial o ponto de vista do jornal El Mundo, na matéria intitulada "Las diferencias del rescate español con los de Grecia, Irlanda y Portugal".  O periódico procurou minimizar a situação fazendo um comparativo com as demais economias deterioradas, entre as quais, Portugal. A despeito dos argumentos apresentados, mantivemos o entendimento de que a situação da Espanha, embora em menor proporção, é grave.

11 de jun. de 2012

A Espanha e os € 100 bilhões


Irineu Tolentino

O pedido de dinheiro feito pela Espanha à Europa deve ser visto com reservas, apesar da natural euforia que isso costuma provocar.

Em tempos de crise, quando o PIB dos países estão encolhendo, aumenta, perigosamente, o grau de exposição das economias mais fracas. Essa vulnerabilidade pode se agravar ainda mais pelo fato de que, quem pede dinheiro emprestado, compromete uma renda que já não era suficiente antes do empréstimo.

Assim, o cenário mundial (desaquecido como está), aumenta os riscos para a contratação de empréstimos. O momento reclama justamente o contrário: antes de procurar dinheiro fora os países deveriam exaurir todas as possibilidades de corte de despesas para saber a dimensão exata do problema, minimizando os juros que pagarão e, por conseguinte, a exposição financeira.
 
Numa tentativa de minimizar o problema, o principal jornal da Espanha (El Mundo), em matéria intitulada "Las diferencias del rescate español con los de Grecia, Irlanda y Portugal", sustentou que a Espanha não pediu resgate, pediu "empréstimo", já que não se submeterá a condições de ajustes macroeconômicos como as demais economias; e traçou um comparativo com a Grécia, Portugal e Irlanda, destacando:
  1. O tamanho do empréstimo da Espanha (100.000 bi = 10% do PIB) é, proporcionalmente, inferior ao dos demais países segundo a relação  volume/PIB  (Portugal 78.000 bi = 31,5%, Irlanda 85.000 bi = 48%  e Grécia 240.000 bi = 74%), e,
  2. "Ausência" de austeridade como condição do empréstimo.

Os argumentos do El Mundo, tem um certo grau de razão; mas, subsiste ainda, o fato incontestável de que, desde 2008, é pacífico que a Espanha integra o PIIGS. Embora pejorativo, esse acrônimo tem se confirmado com o notório aprofundamento da crise em Portugal, Grécia e Irlanda. E agora a Espanha.

São fatos dos quais dificilmente algum argumento conseguirá ocultar.


Como avaliar países

Luis Nassif

Periodicamente são divulgados índices de competitividade da economia brasileira, em geral em má colocação. Um deles é do Fórum Econômico Mundial; o outro, do World Competitive Scoreboard do Instituto Internacional de Desenvolvimento da Gestão. Ambos são sediados em Genebra e com enorme poder de marketing: seus resultados têm repercussão mundial.

Ambos são baseados em critérios desenvolvidos por Michael Porter, o notável economista norte-americano que, nos anos 80, lançou as bases dos estudos sobre competitividade entre países.

10 de jun. de 2012

Não provoque pessoas inteligentes! Na Câmara...

Na Câmara, ainda no Rio, quando seu presidente Ranieri Mazzini deu a palavra a Carlos Lacerda, representante do Distrito Federal, o deputado Bocaiuva Cunha foi rápido e gritou ao microfone, sob os risos do plenário:
- Lá vem o purgante !
Lacerda, num piscar de olhos, respondeu:
- Os senhores acabaram de ouvir o efeito !
(Muito mais risos. Desta vez, até dos adversários...)

Os juros estão caindo, e agora?

www.cicero.art.br

Irineu Tolentino

"Ninguém pode prever 
as taxas de juros, 
a direção futura da Economia 
e o mercado de ações. 
Esqueça todas essas previsões 
e se concentre no que 
realmente está acontecendo
com as companhias 
nas quais você investiu"
Peter Lynch

Como dito em posts anteriores, gosto muito da frase  acima. Adotei-a como Norte (assim como os ensinamentos de Warren Buffett), principalmente quando leio notícias sobre Economia, Investimentos, Empresas e Negócios.

Senti a necessidade de proceder assim porque encontro muitos futurólogos ad hoc dizendo quais serão os próximos passos da Economia, sem deixarem transparecer as concretas possibilidades de erro; pessoas que leem um ou dois livros e já começam a dar aulas sobre mercados e investimentos, quando até autoridades no assunto erram (não faz muito tempo que Christine Lagarde, Diretora do FMI, afirmou erroneamente que havíamos saído da beira do abismo financeiro).

Opero no mercado há cinco anos, li alguns livros sobre investimentos, "n" apostilas, blogs, sites, jornais, pareceres, tratados...Fiz faculdade de Direito e Administração de Empresas, coisas que, em tese, poderiam me credenciar a dizer algumas palavras. Mas, de forma alguma, isso me torna autoridade no assunto. Emito apenas meu ponto de vista, o jeito que vejo as coisas. 

É óbvio que não estou insinuando que a leitura e o estudo não são importantes. É claro que são, pois reduzem a quantidade de besteiras que fazemos e melhoram nosso senso crítico; além de abrir portas para o trabalho caso a riqueza não venha pela sorte. Estou apenas registrando que há coisas na Economia que não podemos prever.

Como muito bem disse Peter Lynch,  ninguém pode prever o futuro da Economia (sobre isso leia mais em O que está havendo com o Brasil?). E, por mais que eu estude, muito provavelmente nunca chegarei aos pés de Lynch ou de Buffett (isso até que é possível, mas pouco provável). A clareza e precisão das palavras de ambos são invejáveis e servem para abrir os olhos dos investidores incautos. Na internet há uma imensidão de coisas ditas por eles, acessíveis a qualquer um. Basta uma "googlada" para você conferir.

 

"Por maior que seja o talento ou esforço, 
algumas coisas exigem tempo:
não dá para produzir um bebê em um mês engravidando nove mulheres."
Warren Buffett

Fiz muitas operações erradas na bolsa. Acertei algumas, não sei se por competência ou sorte. O saldo de tudo o que aprendi nesse cinco anos - além de uns poucos trocados, mesmo passando pela crise de 2008 - foi que Lynch e Buffett têm razão. São mestres no assunto. Mas, eles também já erraram feio algumas vezes. Então, o que os tornam vitoriosos nos investimentos? Qualquer um responderia  a essa pergunta de uma forma peculiar; porém, não seria difícil encontrar neles as seguintes virtudes: conhecimento do negócioresponsabilidade, gerenciamento de risco e paciência.

Apesar de tudo isso, a exemplo da vida, às vezes temos que tomar decisões com ou sem certezas; em alguns casos, até com uma certa dose de angústia, porque, constantemente,  precisamos considerar as variáveis que temos para calcular o que não temos, correndo uma série de riscos de errar.

Assim, vendo a queda histórica dos juros no Brasil e a acertada pretensão do Governo (segundo meu juízo) de reduzir a remuneração da poupança, parece-me razoável imaginar que, embora vamos enfrentar alguns solavancos pela frente, principalmente quando a Europa resolver enfrentar de vez a situação de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, que levará a bolsa a novas quedas expressivas, com o tempo (como sempre), os investidores voltarão e elevarão os preços dos ativos. 

Mas será preciso paciência, muita paciência...


9 de jun. de 2012

Faça sua parte no trânsito

www.paradapelavida.com.br

O Caso da revista Veja


Por Luis Nassif

O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico.


"A degradação jornalística da revista Veja foi fruto de dois fenômenos simultâneos que sacudiram a mídia nos últimos anos: a mistura da cozinha com a copa (redação e comercial) e o afastamento dos princípios jornalísticos básicos"
 (O Método Veja de Jornalismo)


Para entender o que se passou com a revista nesse período, é necessário juntar um conjunto de peças.

O primeiro conjunto são as mudanças estruturais que a mídia vem atravessando em todo mundo.

O segundo, a maneira como esses processos se refletiram na crise política brasileira e nas grandes disputas empresariais, a partir do advento dos banqueiros de negócio que sobem à cena política e econômica na última década.

A terceira, as características específicas da revista Veja, e as mudanças pelas quais passou nos últimos anos.

Leia Mais (link externo)...

8 de jun. de 2012

O Capitalismo no Teatro

 
Quanto digo que os  artistas estão dormindo, tenho lá alguma razão (Cadê os Artistas? e Pô, Ferreira Gullar!).
 
Por aqui, teatro, música, cinema, pintura, escultura e literatura passam ao largo da crise global, tanto econômica quanto politicamente. É uma pena, pois ficam esquecidos aqueles que, como eu, gostam de economia, política e artes. E a Arte deixa de cumprir um dos seus papéis, que é nos convidar à reflexão.
 
Contudo, em Portugal, o Jornal de Negócios divulgou uma peça que eu gostaria muito de assistir. Aliás, muitos de nós. 

Na nota abaixo, Susana Moreira Marques, do JN, dá o tom:
 

"Quando as luzes se apagam e 
outras se acendem sobre o palco, 
o mundo pode começar de novo"
 

"Às vezes, é preciso destruir para recomeçar e é em chamas que acaba "O Dia do Santo", de John Whiting, peça do pós-guerra britânico, representada pela primeira vez em Portugal.

Em cena até dia 10, no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia, é a mais recente encenação do Teatro Experimental do Porto (TEP) e de Gonçalo Amorim. O ator e encenador andava à procura de uma peça que mostrasse até onde pode chegar o capitalismo. Uma peça onde também se percebesse que ainda que tudo esteja em chamas, o teatro pode ajudar-nos a sair dos escombros."

Se estiver em Portugal, não esqueça de conferir!  O Gonçalo Amorim merece o crédito!