31 de mai. de 2012

Pessoas que fazem a diferença!


Há coisas que devem ser compartilhadas! 

O vídeo abaixo mostra a  rotina de trabalho do agente de trânsito Jobson Meirelles - da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de Vila Velha/ES -, o qual foi homenageado por indicação dos próprios condutores e pedestres pelo trabalho desenvolvido no município.  

Vi o vídeo graças à amiga Linda Tassitch, que o compartilhou no Facebook. Não tem como não divulgá-lo.

Chamou-me a atenção dois aspectos: Primeiro, a alegria do servidor ao executar o seu trabalho, segundo, o reconhecimento da população. A prova está aí de que o povo valoriza quem trabalha com amor. 

  

É o mesmo caso do gari Renato Sorriso, no Rio de Janeiro - já conhecido do povo brasileiro (quiçá do mundo) -, que também trabalha com amor e, por conta disso, colhe seus merecidos frutos. 


Quantos anônimos trabalham assim e ainda estão por serem descobertos para nos contagiar com essa alegria ímpar?
Fica aqui, portanto, o reconhecimento e a gratidão do blog Em Tese ao Jobson, ao Renato, e a tantos anônimos quanto existirem, cada um em sua área, pela contribuição que dão para a construção de um mundo melhor. 

Se eu fosse Presidente do Senado e da Câmara dos Deputados, ou de qualquer Organização de relevo, eu os convidaria para palestrarem sobre motivação no trabalho, o que não significaria demérito para as Casas ou Organizações; ao contrário, representaria uma afirmação da vontade popular.

ONU recomenda fim da Polícia Militar no Brasil

Irineu Tolentino

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), entre várias outras recomendações, propôs ao Brasil o fim da Polícia Militar, sugerindo como modelo as UPPs do Rio de Janeiro.

Isso não quer dizer que não teremos polícia. Não é isso. Trata-se apenas, de uma proposta de desmilitarização para melhorar a segurança pública sem causar efeitos colaterais aos direitos humanos.

A idéia não é nova e nem é da ONU, mas é bem vinda. 

Na Carta aberta ao Congresso contra a PEC 308/2004, disponibilizada pela Associação Juízes para a Democracia - AJD, em Agosto de 2010, já está inserida a proposta por parte das Organizações da Sociedade Civil Brasileira: "O Brasil não precisa de mais uma polícia. As atribuições policiais de uma Polícia Penal seriam redundantes às funções das polícias civil e militar. Logo após a Constituição de 1988, debateu-se a possível unificação e desmilitarização das polícias, a fim de livrar o Brasil de um modelo institucional antiquado e vinculado às violações da ditadura militar. Hoje, em enorme retrocesso, não só não se unificaram as polícias como agora se debate a criação de mais uma, o que aumentaria a fragmentação da política de segurança pública e a confusão de funções e comunicações no Estado".

A AJD, em seu boletim nº 56 (Dez/2011-Fev/2012) trouxe um artigo assinado pela juíza aposentada Maria Lucia Karam (RJ), intitulado "A necessária e urgente desmilitarização das atividades policiais" onde bem delineia essa proposta. Não se trata pura e simplesmente de retirar a farda dos policiais militares ou apenas unificar as polícias, mas eliminar a cultura belicista em favor da cultura da paz.

Não se trata também de uma proposta antimilitar.  Os militares vão existir, precisam existir, mas para atuarem em favor da defesa nacional e, em casos especiais, quando convocados pela sociedade civil. 

Segundo a juíza, "A desmilitarização das atividades policiais não pode se limitar, porém, a essa indispensável reestruturação e unificação das polícias estaduais. A necessária e urgente desmilitarização requer uma nova concepção das idéias de segurança e atuação policial, que, afastando o paradigma bélico, resgate a idéia do policial como agente da paz, cujas tarefas primordiais sejam a de proteger e prestar serviços aos cidadãos".

Os policiais militares têm muito com o que contribuir para o Brasil. Sabidamente, entre eles, há vilões mas, também, sem bajulação, muitos heróis. De qualquer forma, eles não precisam ser militares para continuarem prestando bons serviços.

Esperemos que o Brasil, com toda a humildade que lhe é peculiar, envide os esforços  necessários no sentido de atender à recomendação do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que, antes, já era uma reivindicação da sociedade civil brasileira.
 






30 de mai. de 2012

Quando a lei é injusta


Irineu Tolentino

Algumas vezes, deparamo-nos com situações que mostram que a lei, como obra humana, pode conter defeitos, dentre os quais, justamente aquilo que ela pretende evitar: a injustiça.

As palavras frias, e, não raro, distantes da realidade humana, costumam escapar do nosso sentido. Tais desajustes, embora indesejáveis, são compreensíveis, pois o ser humano, sendo imperfeito, não produzirá coisas perfeitas, ainda que catalogadas como "leis".

Felizmente, uma lei não é um fim em si mesma, e provavelmente nunca será. É apenas um instrumento, uma cláusula para a convivência e harmonização da sociedade.

Assim, em algumas ocasiões, temos que revogá-la, corrigi-la ou aditá-la. Mas - seja pela urgência ou dificuldade -, nem sempre é possível percorrermos o difícil caminho do processo legislativo para debelarmos uma injustiça: ou aplicamos o princípio dura lex sed lex (a lei é dura, mas é a lei) ou o seu oposto tupiniquim dura lex sed latex (a lei é dura, mas estica). Este segundo caso costuma ser bastante aplicado no Brasil, infelizmente.

Não é por outra razão, que se repete nos corredores dos fóruns e Tribunais que "É melhor um bom juiz e uma má lei, que uma boa lei e um mau juiz".

Uma lei má pode ser corrigida por uma interpretação justa de um bom juiz, ao passo que o mau juiz torceria a boa lei mudando-lhe o sentido.

Essa atuação nobre, de buscar um sentido útil e justo da lei, não se restringe apenas aos juízes. Qualquer operador do Direito pode muito bem fazer esse papel e advogar em favor do bem e do justo, ao invés de defender cegamente o Direito, nú e cru, sem se preocupar com o ser humano.

A situação relatada abaixo, retrata muito bem isso. Ela demonstra a nobreza exemplar de um advogado, que optou por convencer seu cliente a deixar seu direito de lado - a despeito da lei que o protegia -, para dar lugar à caridade. Sim, por vezes, renunciar a um direito em favor de quem mais necessita é um ótimo exemplo de caridade, de humanidade e de progresso espiritual.

O Supremo precisa chamar Gilmar às falas


As seguintes suspeitas rondam o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente após sua última parceria com a revista Veja. E não tem como seus pares ignorarem:

1. Há indícios de alguma forma de envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Há suspeitas de uma viagem paga a Berlim e voos fretados no Brasil. Seja o que for, se os fatos existiram ou não, se imprudência, desvio ético ou corrupção, a corte precisa apurar. Não pode ignorar suspeitas graves. Há a necessidade premente de se saber a extensão de suas ligações com Demóstenes, Cachoeira e Veja

2. Há pelo menos um ato da maior gravidade, que necessita ser esclarecido: a contratação do principal operador de Cachoeira – o araponga Jairo -, para trabalhar na segurança do STF. Há indícios de jogadas combinadas entre Veja, Cachoeira e Gilmar. Foi a matéria “A República do Grampo”, mais os factóides sobre o grampo no Supremo que provavelmente forneceram o álibi para que Gilmar contratasse Jairo. A República do Grampo era controlada por Carlinhos Cachoeira e, graças a Gilmar, o Supremo pode ter ficado à mercê da organização criminosa. O episódio da falsa escuta no Supremo envolveu a instituição em uma armação que até hoje não foi esclarecida.

3. Há indícios veementes de que o encontro com Lula foi solicitado pelo próprio Gilmar. E desconfiança que se destinava a obter o apoio de Lula contra as investigações da CPMI de Cachoeira. Qual a moeda de troca?

A matéria da dupla Veja-Gilmar manipula declarações de vários ministros da corte, tendo como endosso Gilmar Mendes.

Gilmar precisa ser chamado a se explicar.

O Supremo não pode ficar inerte ante o risco de um mega-escândalo que poderá afetar sua imagem. E robustecer teorias conspiratórias – como a de que vários ministros estariam reféns de Gilmar.

29 de mai. de 2012

Gilmar Mendes x Lula: quem é o Pinóquio?


Irineu Tolentino

A ida do Ministro Gilmar Mendes (STF) ao escritório do agora advogado Nelson Jobim, alegadamente a convite do ex-presidente Lula, está dando o que falar.

De tudo o que vi e li, é uma hipocrisia só!

Primeiro, porque Lula, Mendes e Jobim atuavam no primeiro escalão da Esfera Federal (Lula como Presidente da República, Mendes e Jobim como Presidentes do STF). É óbvio que havia contato entre eles, tinha que haver. Os Ministros do STF são indicados pelo Presidente da República  (no caso, os dois foram crias de FHC). É natural que, vez por outra, cruzem-se e conversem entre si, inclusive sobre assuntos delicados (isso é perfeitamente normal, não sejamos ingênuos). "Faz parte", como diria o "filósofo" Bambam.

Ocorre que, os gigantescos esquemas Mensalão e Cachoeira/Desmóstenes estão envolvendo muito mais gente que o "previsto".

Após o encontro ocorrido no escritório de Jobim, Gilmar Mendes, em declarações à revista Veja, "revelou" que Lula solicitou a ele o adiamento no julgamento do processo do Mensalão, ao dizer que "É inconveniente julgar esse processo agora". Segundo Mendes, Lula queria que o julgamento fosse feito após as eleições municipais. Lula, por óbvio, nega tal insinuação, o que é corroborado por Nelson Jobim, a única testemunha presencial.

Agora fica a pergunta: quem é que está com a verdade, Lula ou Gilmar Mendes?
 
Lula não é mais Presidente do Brasil e está livre para trabalhar para o PT. Gilmar Mendes, por seu turno, ainda é Ministro do STF. O que é que ele estava fazendo no escritório de um advogado? Por qual razão ele resolveu discutir sobre um processo sub judice no STF e, pior, relatar o ocorrido à revista Veja e não a uma delegacia?

Notem que, como ele ainda é Ministro vinculado ao caso, cometeu uma ilegalidade e falta de ética sem tamanho. Ele sim, deve explicações à Nação. Lula, dá se quiser. Como não mais está vinculado ao Governo, ele é livre para administrar seus interesses e defender como bem entender seu patrimônio político (claro, de maneira lícita). Até por que, não está depondo ou prestando declarações em juízo.

Chama ainda a atenção o fato de a revista Veja, confidente de Gilmar Mendes, se arvorar no direito de "Corregedora Nacional", ao se dirigir à assessoria do Ex-Presidente Lula, com toda a prepotência do mundo, dizendo: "Estamos fechando uma matéria sobre o julgamento do mensalão para a edição desta semana. Gostaríamos de saber a versão do ex-presidente Lula sobre o encontro ocorrido em 26 de abril, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, com a presença do anfitrião e do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, no qual Lula fez  gestões com Mendes sobre o julgamento do mensalão". 

O que é isso? Imprensa ou Inquisição? 

A revista Veja, ouvindo apenas as declarações duvidosas e inconsistentes de Gilmar Mendes, já deu a sentença: "Lula fez gestão".

Como essa revista, de alcance nacional, não sabe que "Testis unus, testis nullus"?
 
Poupe-me, né Veja?

Descriminalização do uso de drogas


Irineu Tolentino

Apesar das divergências sobre se o uso de drogas é ou não crime, sustentei neste blog que o uso de drogas, do ponto de vista estritamente técnico-formal, diante da lei atual, é crime sim (http://migre.me/9h7bX).

Tanto é assim que, a comissão de juristas responsável pelo anteprojeto do Novo Código Penal aprovou a inserção da proposta de descriminalização do plantio, da compra e do porte de qualquer tipo de droga para uso próprio. Se não fosse crime na legislação atual não haveria proposta de descriminalização, não é verdade? Mas sou voto vencido. Hoje, a corrente mais forte sustenta que o uso de entorpecentes não é crime.

A despeito da minha opinião técnica, não tenho dúvida de que os danos à sociedade serão menores se as drogas forem liberadas (veja o que aconteceu com o álcool nos EUA).

A guerra contra o tráfico causa mais danos que o uso de drogas em si; porém, isso não quer dizer que eu o abone, já que o usuário poderá se tornar um viciado. Você já viu algum viciado ter vida longa ou sucesso pessoal e profissional? Pois então, depois do vício, muito provavelmente, só o declínio. Mas, mesmo assim, sinto-me mais confortável se cada um decidir por si mesmo do que com o Governo controlando a vida de todo mundo.

Uso de drogas é questão de saúde pública, não caso de polícia.

28 de mai. de 2012

Barganha no processo penal

Irineu Tolentino

O Brasil tem mesmo muitas afinidades com os Estados Unidos. Muitos elementos culturais de lá são facilmente implantados por aqui: dos hábitos às roupas.

Algumas coisas dão certas, outras, nem tanto. Houve, por exemplo, uma tentativa recente de reduzir os partidos políticos a dois: Republicanos e Democratas. Isso não funcionou (ao menos por enquanto); mas, como outras coisas, aprendemos a comer sanduíches com os ianques...

Na esfera jurídica, também temos muitas afinidades que vão crescendo com o tempo. Por exemplo, nesta segunda-feira, a comissão de juristas que prepara o anteprojeto do Novo Código Penal - que será apreciado pelo Congresso Nacional -, aprovou o instituto da barganha (ou acordo).

É um passo importante para que o Novo Código Penal permita ao acusado confesso e  acusador, celebrarem acordo para colocarem fim ao processo. Como no Direito estadunidense, o réu aceitará a pena proposta e o Ministério Público ficará livre para trabalhar nos casos mais importantes.

O relator do anteprojeto do Código Penal, Luiz Carlos Gonçalves, comemorou a presença do instituto no texto: “Estamos, pela primeira vez, rompendo com o devido processo legal. Este instituto é revolucionário” . Fazemos apenas uma correção: não haverá rompimento com o devido processo legal, já que o acordo será legal; mas devemos relevar as palavras do relator, dada a sua euforia.

Essa possibilidade de acordo encurtará significativamente o tempo de duração do processo e limpará o Judiciário de uma série de procedimentos, barateando o custo da Justiça e permitindo um foco maior nos casos mais complexos. Até porque, como muito bem afirmou a Ministra Ellen Gracie (STF), ao discorrer sobre os custos do processo: "A Justiça não tem preço, a liberdade de alguém não tem preço, mas tem custo. É preciso pagar o juiz, o promotor, etc, e tudo isto tem custo, e quem paga é o povo".

Portanto, que seja bem vindo o instituto da barganha no processo penal.

Quem sabe, o próximo passo seja enxugar a nossa Constituição e assim torná-la mais séria e efetiva?

O Renato Russo dormiria em paz.

Capitalismo ou Comunismo?

www.cicero.art.br
Irineu Tolentino

Em 2006, eu já havia publicado um texto traçando um paralelo entre o Comunismo e o Capitalismo. Claro, trata-se do meu humilde ponto de vista, nada mais que isso.

Diante da atual crise financeira global, e da sucessiva onda de ataques dirigida ao Capitalismo - de forma até um tanto exagerada -, resolvi republicá-lo aqui a fim de contribuir com o debate. Minha posição a respeito do assunto permanece a mesma:

A primavera brasileira


Luis Nassif

O conceito da “primavera” foi adotado para descrever países ou comunidades em que a Internet entrou quebrando barreiras de silêncio.

Nos países de regime ditatorial, a “primavera” significou romper o controle estatal sobre a informação. Mas em muitos países democráticos, significou romper cortinas de silêncio impostas pela chamada velha mídia – os grandes meios de comunicação nacionais.

27 de mai. de 2012

Festa do Divino 2012



Irineu Tolentino

A festa do Divino Espírito Santo, celebrada na cidade de Mogi das Cruzes (SP), é promovida pela Igreja Católica há mais de 300 anos. Ela dura dez dias.

Embora se trate de uma festa religiosa, ao longo do tempo passou a incorporar elementos folclóricos, tornando-se também uma festa histórica e popular. Agora, inserida no calendário da cidade, já é uma festa tradicional da região.  

Ela possui uma série de elementos constitutivos, entre os quais, a Entrada dos Palmitos, as Alvoradas, o Império do Divino Espírito, a Folia do Divino e os mais diversos grupos de tradição folclórica, tais como Moçambique, Marujada e Congada, bem como uma grande variedade da culinária típica.

Por tais aspectos, ela tem crescido bastante ao longo dos anos. Pessoas de vários municípios, vizinhos e distantes, vem visitar a cidade para assisti-la e saborear o tradicional afogado (um ensopado à base de carne e batata, acrescido do segredo da casa). Se você veio a Mogi das Cruzes assistir à Festa do Divino e não comeu o afogado, você não sabe do que estamos falando (embora haja uma infinidade de outras opções gastronômicas).

Uma característica bastante interessante da festa, é que ela funciona como uma ocasião de reencontro de pessoas. Apesar de a cidade contar com cerca de 400.000 habitantes, vê-se permeados na imensa multidão, velhos amigos, crianças e idosos; estes, testemunhas vivas da história da cidade, que a reconstrói com seus relatos vívidos e gostosos de ouvir.

Abaixo você pode conferir algumas fotos da “Entrada dos Palmitos”

 

Lobinhos e Escoteiros do Grupo de Escoteiros Ubirajara
Crianças distribuindo a tradicional bandeirinha


Um dos diversos blocos
Para participar não é preciso idade...e nem tamanho.
Grupo de Escoteiros Ubirajara, que tradicionalmente participa da festa

Igreja Matriz


25 de mai. de 2012

Os desafios da manufatura do século 21


Luis Nassif

Como será a manufatura no século 21?

Essa talvez seja a questão que vale uma nação. Quem acertar, pega o bonde do desenvolvimento. Quem errar, marca passo.

O próprio Estados Unidos, com suas inúmeras think tank esbarrou em um erro monumental de análise. Definiu o que seriam as indústrias de ponta, concentrou nelas o esforço estratégico e permitiu que as indústrias da geração anterior – automobilística, eletroeletrônica etc. – se transferissem para a Ásia.

O resultado foi a perda do dinamismo do mercado interno e a enorme crise que se sucedeu ao fim da bolha de crédito. Mesmo assim, o enigma continua à espera de quem o desvende.

Cidades brasileiras sofrem com esgoto a céu aberto


Irineu Tolentino

Nesta data o Valor Econômico veiculou notícia já conhecida de todos, ou seja,

"As cidades brasileiras contam com boa cobertura de iluminação pública e de pavimentação. Mas a ocorrência de problemas como esgotos a céu aberto, lixo acumulado nas ruas e baixa incidência de rampas para deficientes ainda é significativa no país. Os dados constam de mais um recorte do Censo 2010 – Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)."

A matéria completa e os gráficos você pode ver em: http://bit.ly/Lny7rC

O assunto está mais ou menos alinhado ao que  temos falado aqui a respeito da água: esgoto a céu aberto evidencia a pouca importância que os municípios dão a ela. Esgoto a céu aberto  não é só questão de saúde pública, é também falta de cuidado com os bens públicos,  já que ele contamina o solo e as fontes de água.

Gastam com campanhas de conscientização, mas deixam de colocar a mão na massa para mudar a realidade.

Obras da Copa

Irineu Tolentino

Agora sim, entendi o que Jérôme Valcke quis dizer com "o Brasil precisa levar um chute no traseiro"...

Das 101 obras previstas, 41 ainda não saíram do papel e 15 não têm projetos concluídos. Apenas 5% estão prontas!

Vocês entenderam? 15 "obras" NÃO TEM SEQUER O PROJETO!!!!!!!

O pior, é que, quando Aldo Rebelo fala sobre o assunto, dá tempo para dormirmos e quando acordamos ele nem terminou a conclusão. É uma paciência baiana...

Mas, no final, sei que tudo dará certo. O brasileiro é ótimo para improvisar.




Insatisfação européia

Irineu Tolentino

Os europeus não estão muito satisfeitos com a política de austeridade da Alemanha. Por lá, diversas pessoas criticam pesadamente Ângela Merkel, que, embora ainda tem boa aprovação no seu país, já se recente de alguns arranhões políticos  internos e externos.

Abaixo você pode conferir a análise da situação feita por  Antônio José Seguro, líder socialista  de Portugal, em matéria do Jornal de Negócios:

A crise na Europa, que não é apenas uma crise da Grécia, deve ser atribuída à Alemanha, de acordo com António José Seguro. A receita única de austeridade "não está a resolver nada", disse o líder do PS numa entrevista à Reuters, razão pela qual deve ser dado mais um ano para a consolidação das contas públicas em Portugal. 

Leia mais...

Golpe contra aposentados

Irineu Tolentino

Estão sendo espalhadas por aí cartas da "Associação Federativa de Previdência Privada",  informando aos aposentados que eles têm direito de receber uma verba significativa referente à previdência privada.

À  primeira vista, o golpe convence, pois os marginais fazem alusão ao Juiz, à Vara, ao processo, e, se as pessoas consultarem o site do Poder Judiciário mencionado, encontrarão mesmo um processo com "seus nomes". Ocorre que se trata de homônimos.

Os fraudadores consultam previamente o sistema  do Poder Judiciário, procuram na internet por pessoas que tenham o mesmo nome que as do processo, localizam os endereços e telefones das vítimas em listas telefônicas e de endereços, montam as cartas e as encaminham pelo Correio.

Uma pessoa incauta, mesmo sem nunca ter entrado com um processo em juízo, acreditará no engodo, principalmente por ver o "seu nome" num site oficial, e acaba fazendo o depósito que lhe é solicitado na esperança de receber uma verba maior.

Não dêem credibilidade a tais cartas. Nunca façam depósito sem saber do que se trata!

Lembrem-se da sabedoria popular: "Quando a esmola é demais, até o santo desconfia"


Notícias relacionadas:

24 de mai. de 2012

Por que sou contra a economia de água?

Irineu Tolentino

Você deve estar pensando: " - Esse cara é maluco! Todo mundo sabe que se deve economizar água e ele diz uma besteira dessa".

Se eu estivesse no Oriente Médio, ou mesmo na Europa, eu economizaria água, pois realmente trata-se de um bem precioso sem o qual nenhuma forma de vida conhecida seria possível (eu disse ne-nhu-ma, inclusive você). Porém, no Brasil, há um problema sério com investimentos, com o  trato com a coisa pública, com as florestas, com a água...

Não se faz aqui investimentos para prevenir problemas, apenas para remediá-los. Veja só e diga-me se você não concorda:

  • Há caos no  transporte público e o governo compra um trem e dois ônibus e pronto, "resolveu" o problema de vinte milhões de pessoas;
  • Há um apagão de energia e nos mandam comprar lâmpadas econômicas; 
  • Melhorias nos serviços públicos (como nos salários) só são efetivadas à custa de greves;
  • Incentivos no campo só são concedidos se faltarem alimentos no mercado;
  • Só se pensa em conter o desmatamento e cuidar das florestas se o Greenpeace ou a WWF fizerem um protesto internacional; 
  • Falta água, mandam-nos economizá-la...

Tenham dó, né?

O Governo não acompanha o crescimento da demanda e não efetua investimentos prévios. Só toma providência para consertar os problemas que ocorrem justamente pela falta de investimentos.

Vivemos "consertando" o caos. Isso enche o saco! 

Se os trabalhadores não fizerem greve os serviço não melhora. Sim, é isso mesmo. O brasileiro não reclama da má qualidade dos serviços, então sobra para os funcionários fazerem greve para defender não só os salários como também a segurança e a  qualidade dos serviços. Nessa  última greve dos trens e metrôs, por exemplo, todo mundo diz ("todo mundo" é maneira de dizer) que esses funcionários são "um bando de safados, pois causam prejuízos à população".

Não foram os trabalhadores que deixaram de investir na infraestrutura  viária/metroviária, foi o Governo!

O engraçado é que não há nenhum protesto por parte da população quando ocorrem acidentes de trens e metrô por falta de investimentos. Ninguém queima pneus nessas ocasiões.

O que isso tem a ver com a água? Ora, se não gastarmos água para forçar os investimentos  haverá falta d'água justamente por falta de investimentos.

Olha o que aconteceu com o SEMAE de Mogi das Cruzes/SP (nada contra o prefeito Bertaiolli, que, aliás, está mandando bem em vários setores).  A autarquia trocou um simples hidrômetro pela cidade toda e as contas de água  triplicaram (em alguns casos quintuplicaram).  A explicação dada é que o hidrômetro anterior não media corretamente o consumo (é sempre assim, a "correção" só vem para prejudicar o povo).

Aliás, a esse respeito, ficou a pergunta: se o hidrômetro anterior não media corretamente o consumo (media menos do que devia, conforme o alegado) é certo que a empresa calculava os preços com base nos custos; logo, o metro cúbico medido era mais caro. Se agora mede corretamente o consumo, aumentando a metragem cúbica consumida, por que não reduziu os preços?

E tem mais, na minha conta, por exemplo, quando consumo menos água (e olha que eu economizo bastante) o preço é praticamente o mesmo. Isso é semelhante ao que aconteceu com a energia. Pegue sua conta de hoje (você utiliza lâmpadas econômicas, né?), e compare com as contas de antes quando você utilizava lâmpadas incandescentes. Você pagava menos antes, quando consumia mais.  

A respeito do SEMAE (Mogi das Cruzes/SP), estou estudando o caso e depois verei o que farei; mas, de qualquer forma, quero meu hidrômetro antigo de volta!
 
Enquanto isso, vamos consumir água, e água em abundância (pode tomar banho todos os dias, lavar seu carro e sua calçada, sem hipocrisia). E para você não se sentir culpado por isso, achando que vai acabar a água do mundo, leia aqui: http://bit.ly/KBnEaE

Quando a imprensa extrapola

Irineu Tolentino

Há casos e casos, mas, para mim, expor o rapaz dessa forma, em uma entrevista vexatória, descredencia mais a emissora que a repórter.

Para piorar a situação, a Band resolveu o problema demitindo a repórter do Brasil Urgente, a senhora Mirella Cunha... Uma sucessão de erros grosseiros.

Apesar de inadequado o comportamento da moça, não sejamos hipócritas: quem é que não riu? Qual mortal permaneceria impassível diante da situação?

O problema em si não está no riso, na reação humana que a moça teve (embora inadequado), está na exibição da imagem e o controle disso cabe à produção do programa.



 

A concentração mundial do agronegócio

Luis Nassif

Há um fenômeno global de concentração econômica na área agrícola, a merecer atenção especial da parte do governo.

Essa concentração manifesta-se na cana, soja, pecuária e na laranja. Dá-se globalmente ao longo de toda a cadeia produtiva - de trás para diante, das redes de supermercados aos produtores de matéria prima.

No caso do suco de laranja, antes 200 engarrafadores adquiriam o suco brasileiro; hoje são 70, 15 dos quais compram 70% do suco brasileiro. No Brasil, eram 20 indústrias, hoje são 3, respondendo por 98% da produção de suco brasileiro e 83% das exportações mundiais. 51 produtores detém 40% das árvores plantadas; outros 12 mil ficam com o restante.

Os IPOs e seus perigos...

Irineu Tolentino

Tenho como regra que IPO é para profissionais, parceiros ou pessoas chegadas dos proprietários da empresa. O pequeno investidor deve procurar ficar longe disso, principalmente porque as informações divulgadas nunca são claras o suficiente para permitirem uma análise segura.

Se nos casos de empresas tradicionais na bolsa, com experiêcia de mercado, velhas conhecidas dos investidores, com informações divulgadas regularmente, com histórico, etc. é difícil calcular o futuro, imaginem uma empresa estreante... Basta conferir os IPOs mais recentes na Bovespa: Magazine Luíza, Júlio Simões Logística...

As fortes campanhas de marketing que antecedem o lançamento criam uma euforia que infla o preço. É natural que, pouco tempo depois, senão no dia seguinte, passada a euforia, haja um refluxo nos preços, só estabilizando após os interessados se acalmarem e fizerem uma análise mais refletida.

E há casos piores, onde coisas estranhas envolvem os negócios. Veja, por exemplo, o caso do Facebook, conforme a matéria abaixo, divulgada no Último Instante:

23 de mai. de 2012

Siemens investirá US$ 1 Bilhão no Brasil. Será?


Irineu Tolentino

Apesar do cenário econômico ruim, o presidente da Siemens para as Américas, Peter Solmssen, anunciou investimentos no Brasil de até US$ 1 bilhão para os próximos cinco anos:

"Atuamos no Brasil há mais de 100 anos e nunca estivemos tão confiantes no futuro do país. É por isso que estamos investindo aqui", disse em entrevista no Rio de Janeiro.

Enquanto alguns investidores temem pelo potencial "desastre econômico" da Europa, cujo cenário afugenta boa parte do capital (e isso realmente é compreensível), há quem veja no Brasil, boas oportunidades de negócios; principalmente àqueles que focam o longo prazo, já que, se o mundo não acabar agora em 2012, precisaremos consumir.

Papai, o que é corrupção?


Irineu Tolentino

Revirando minhas gavetas, encontrei um texto antigo que parece novo. Achei oportuno republicá-lo por conta dos últimos acontecimentos políticos, Cachoeira, CPI,...

***

Minha filhinha, de cinco anos (hoje ela conta com dez), fez-me essa pergunta enquanto assistíamos ao Jornal Nacional. Ela gosta de me acompanhar nos meus programas preferidos. Não sei se por interesse próprio ou se para comungar comigo os meus gostos e estar ao meu lado. Prefiro acreditar nessa segunda hipótese.

22 de mai. de 2012

"Comprar maconha para fumar não é crime. Eis a sentença!"

FHC e a liberação da maconha
Irineu Tolentino

Esperem aí! Muita calma nessa hora. Notem que o título está entre aspas.

Há controvérsias técnicas a respeito do assunto (jurídicas, médicas, históricas, culturais e sociológicas). Logo, nas mais diversas áreas, o assunto está longe de alcançar um consenso.

Para mim, particularmente, enquanto não se muda a lei, e do ponto de vista puramente formal, fumar maconha ou utilizar qualquer droga ilícita ainda constitui crime (sem pena, mas é crime). As medidas sócio-educativas cominadas não têm o condão de afastar a  criminalidade da conduta, embora de baixa lesividade.

Marolinha 2 e Redução do IPI

Irineu Tolentino

Pode até parecer um erro do governo a redução do IPI para os automóveis, mas não é.

Quando eclodiu essa crise mundial, levando muitos mercados à banca rota, o mundo ficou desesperado. Empresas, governos e grandes, megas, hipers investidores cortaram investimentos. O desemprego e a inflação estavam subindo, assustando todo mundo. Era um desespero generalizado.

Lula, talvez até meio que sem entender a gravidade do cenário internacional (o que não creio), disse que essa crise chegaria no Brasil como uma "marolinha". Pronto, foi motivo de chacota globalizada (aliás, hoje, tudo é globalizado). Mas, o fato é que Lula acertou (isso ninguém disse).

Se ele acertou porque anteviu os efeitos do cenário global ou se foi porque já tinha em mente as medidas de contra-ataque à crise, não sei dizer; mas, que acertou acertou! Então, por que correr o risco? Se a economia global está afundo e está havendo retração na demanda, por que não reimplantar as mesmas medidas já que, comprovadamente, elas se mostraram como bons remédios?

Apesar disso, alguns "ecologistas de plantão" (gosto de ecologistas, mas alguns são mesmo ecochatos) estão dizendo "- Por que os automóveis e não o transporte público? Por que fomentar a demanda de um produto que polui, etc, etc, etc?". Porque, comprovadamente, os automóveis têm uma cadeia de produção longa e complexa, envolvendo muitos trabalhadores diretos e indiretos. Quando se beneficia o setor, beneficia-se uma infinidade de pequenas oficinas mecânica, funileiros, estacionamentos, fabricantes de produtos automotivos, lava-rápidos,...até flanelinhas. Ou seja, ataca-se o problema num dos setores mais fortes da economia.

A isenção dada não é uma medida para beneficiar os "ricos", como muitos desavisados afirmam. Ela recairá nos veículos 1.0 (posteriormente haverá também na linha branca, materiais para construção, móveis...). É uma medida urgente já que a economia global está indo para a UTI e pode levar o Brasil junto.

Até mesmo a China - o gigante asiático - anunciou que irá estimular o crescimento, pois a desaceleração da economia dela também está assustando, tanto que o governo se contentaria até com uma "estabilização".

Geuro: saída à francesa

Irineu Tolentino

O Deutsche Bank propôs uma situação inusitada para  a Grécia: a criação do "Geuro".  Isso mesmo, "Geuro"!

É que,  diante da iminência da saída da Grécia  da Zona do Euro (o que está fazendo com que toda a Europa fique preocupada (não só pela Grécia em si mesma, mas também por conta do efeito dominó potencial e dos efeitos colaterais para o bloco), o maior banco privado da Alemanha - já um tanto conformado e bastante preocupado com a catastrófica saída grega - inovou. Mas, na verdade, está pedindo que ela saia "à francesa".

Na Europa, o temor está fazendo com que a racionalidade seja colocada de lado. Até hoje, os líderes europeus,  e mesmo a  troika, não conseguiram  solucionar os problemas gregos: injetaram  bilhões de euros, fizeram acordos, cobraram a implantação de pesadas medidas de austeridade, orquestraram o "perdão" de significativa parcela da dívida grega e, até agora, nada. É isso mesmo! Todo esse "esforço" não deu em nada. Eles estão esquecendo do principal: o povo, de onde emana todo o poder da Grécia, conhecida como berço da democracia.  

Vale lembrar que, se tudo der certo (já que na Grécia de hoje nada é certo), no dia 17 de junho haverá eleições e a oposição às medidas de austeridade tem grandes chances de ganhar.
 
Sugerir um nome para uma nova moeda grega é o mesmo que dizer que a Grécia não  tem competência nem para escolher o nome da própria moeda. Trata-se, portanto, de uma proposta  descabida e desesperada do Deutsche Bank que, como as demais, será motivo de chacota. Menos pior seria a indexação da economia, como fez a Argentina.

"Soluções" inusitadas não param de aflorar por lá. Já disseram até que a saída para a Grécia seria uma estratégia de marketing, mudando o nome do país como se faz para dar um upgrade em alguns produtos com vendas fracas.

Pode isso produção?

A crise internacional e o Brasil

Luis Nassif

A crise internacional afeta o Brasil nas seguintes frentes:

A estagnação da Europa reduz as exportações brasileiras para lá, ao mesmo tempo em que gera excedentes da produção europeia.

Também impacta as exportações da zona asiática, afetando preços de commodities agrícolas e minerais, com impactos especialmente sobre Brasil e América Latina.
Aumenta a guerra comercial, com europeus e asiáticos tentando desovar seus excedentes nas economias emergentes. O real desvalorizado aumenta o preço de produtos importados - dentre os quais máquinas e equipamentos. Mas a crise internacional leva os países produtores e reduzir seus preços em dólares.

Em relação à crise de 2008, o país têm as seguintes vantagens:


21 de mai. de 2012

Os juros vão cair

Irineu Tolentino

Os juros no Brasil vão cair mais ainda. Já tratamos disso aqui no Em Tese em Dilma x Bancos. Trata-se de uma tendência muito forte. O Brasil terá que globalizar suas taxas para suportar os efeitos do novo cenário global, especialmente os ventos que sopram dos EUA/Europa (mais tarde falaremos da globalização da carga tributária também, né Dilma?).

Se você acessar hoje o Jornal de Negócios (Portugal), verá que a Europa caminha para uma redução dos juros, de modo que o Brasil, mais cedo ou mais tarde, há de acompanhá-la.

Veja o extrato seguinte para você ter uma ideia do que está acontecendo por lá:

"Os economistas dos bancos de investimento acreditam que o Banco Central Europeu (BCE) vai tomar medidas adicionais, perante o agravamento da crise da dívida e o enfraquecimento da economia da Zona Euro. Descer a taxa de juro de referência poderá ser um dos remédios, abrindo espaço a uma descida ainda maior das Euribor...".

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A Grécia deve abandonar o Euro


Nouriel Roubini
Uma saída controlada da Grécia implica um dano económico significativo. Mas muito pior seria ficarmos a ver a queda lenta e caótica da economia e da sociedade gregas.
A tragédia da Grécia no euro está prestes a chegar ao seu acto final: é muito provável que este ano – ou o mais tardar no próximo – a Grécia entre em incumprimento e abandone a Zona Euro.

Adiar a saída para depois das eleições legislativas de Junho, já com um novo governo comprometido com uma variante das mesmas políticas falhadas (austeridade recessiva e reformas estruturais), não vai restaurar o crescimento e a competitividade. A Grécia está presa num ciclo vicioso de insolvência, perda de competitividade, défices externos e depressão cada vez mais profunda. A única forma de travar este ciclo vicioso é iniciar um processo de incumprimento ordeiro e saída, coordenada e financiada pelo Banco Central Europeu (BCE), União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que minimize os impactos colaterais para a Grécia e para o resto da Zona Euro....

Lei anticorrupção

Luis Nassif

Há em discussão no Congresso três leis capazes de reverter radicalmente a corrupção pública no país:

1. O Projeto de Lei que regulamenta o lobby político (as ações visando influenciar os poderes públicos).

2. O PL instituindo o financiamento público de campanha e acabando com o financiamento privado.

3. O PL das Empresas, que criminaliza as empresas que participam de atos de corrupção.

O deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP) é o relator do PL das Empresas, visando criar a responsabilidade objetiva para empresas acusadas de atos de corrupção.

Na dia 23 de maio próximo a Comissão votará o relatório. Sendo aprovado será encaminhado automaticamente para votação no Senado, a menos que 10% dos deputados requeiram votação em plenário.

20 de mai. de 2012

A Diferença entre o Bárbaro e o Civilizado


Leandro Karnal é desses caras que conseguem dizer, de forma simples, coisas complexas.  

Na aula abaixo, você pode conferir um pouco do seu ponto de vista (bem fundamentado, diga-se de passagem), que, embora na superfície trate das diferenças entre o bárbaro e o civilizado, no fundo, convida-nos à reflexão sobre a forma como tratamos o outro e construímos nossos conceitos e preconceitos em relação às diferenças, que não são tão diferentes assim. 

Confira!

19 de mai. de 2012

Primavera Paulista

Irineu Tolentino

O PSDB cometeu um grave erro político ao colocar Serra na disputa contra Dilma, queimando uma grande e cara oportunidade. Politicamente, aquela era a vez do Aécio, que tinha muito mais carisma e envergadura política.

Ao colocar Serra, mais uma vez, na disputa eleitoral, agora pela prefeitura de São Paulo, o PSDB comete o mesmo erro, queimando oportunidades à toa.

Embora ele tenha ganhado uma vez a prefeitura, desgastou-se politicamente por não ter terminado seu mandato (como sempre), cansando o povo e desfazendo sua parca credibilidade. Disputou com Dilma e quase perdeu para a Marina, sofreu embaraços políticos significativos dentro do seu próprio partido, levando o próprio FHC a admitir que a “cota de Serra já deu”.

Insistir novamente em Serra é dar azo à "Primavera Paulista". Até, porque, quem era "serrista" e antipetista, muito provavelmente votará contra o Serra por falta de opção.


A Alemanha treme...

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou hoje que a saúde da economia alemã depende da situação econômica da União Européia, apesar das exportações para a região estarem no nível mais baixo dos últimos 20 anos.
“Temos de obter vantagens das nossas oportunidades de exportação. Isso significa que devemos proteger os nossos mercados na União Europeia e garantir uma moeda estável e o crescimento”, defendeu, nas suas declarações semanais em podcast.

Leia Mais...

18 de mai. de 2012

A dura luta contra os preconceitos econômicos

Luis Nassif

É problemática a maneira como as ideias econômicas são revisadas - não apenas no Brasil mas na economia mundial em geral.

Tome-se o novo papel do Banco Central.

Seu último presidente, Alexandre Tombini, além de experiência de mercado é um grande pensador econômico. Nos últimos 15 anos, o BC dispôs de alguns bons pensadores, como Armínio Fraga, Sérgio Werlang e o próprio Tombini.

São técnicos que foram beber nas águas internacionais, mas com suficiente inteligência para entender as especificidades da economia brasileira e promover ajustes - mesmo cometendo alguns erros estrondosos, como as operações casadas de hedge de Armínio em 2002.

No entanto, o discurso econômico midiático sempre se baseou na análise econômica mais rasa, mais facilmente convertida em slogans.

Numa ponta, economistas com bons conhecimentos de números, planilhas - e nenhuma visão sistêmica de economia -, como Afonso Bevilacqua e o inacreditável Alexandre Schwartsman. De outro, economistas sem conhecimento nem de números nem de conceitos - como o ex-ministro Maílson da Nóbrega.
Apesar da análise rasa, esse discurso torna-se tão poderoso que acaba inibindo qualquer tentativa de revisão de conceitos e de aprimoramento dos instrumentos monetários contra a inflação.

Por exemplo, qualquer analista com um mínimo de raciocínio e conhecimento da realidade econômica, saberia que medidas de influência direta sobre o crédito (redução de prazo, exigência de entrada maior) tem mais efeito sobre a demanda do que o mero aumento da taxa Selic - que sequer arranha o custo final do dinheiro.

Mesmo assim, foram necessários anos e anos para que Tombini finalmente rompesse com o dogma e passasse a utilizar ferramentas convencionais de política monetária em lugar de recorrer meramente à taxa Selic.

Dia desses, assisti o Bom Dia Brasil, da TV Globo. Lá, um exemplo muito interessante de como se propagam os slogans na mídia.


A comentarista econômica fala do aumento da inflação em abril - o dobro de março. Quando começa a detalhar os itens de alta, fica-se sabendo que as principais influências foram remédios e cigarros - altas pontuais, sem nenhuma relação com demanda ou câmbio. Aí aponta um conjunto de preços que teoricamente poderão subir nos próximos meses.

Ora, os índices de inflação são compostos por uma infinidade de preços. Periodicamente alguns sobem, outros baixam, dependendo da sazonalidade, de reajustes programados ou outros fatores. O que importa é a soma final. E a soma final mostra que, mesmo com essas altas pontuais, a inflação anual continuará caindo.

Mas a comentarista deixa no ar apenas parte da realidade que interessa - os preços que aumentam. Encerra o comentário e os dois apresentadores continuam martelando a alta dos preços.

Por que fazem isso? Terrorismo? Jogadas? Nada disso. Fazem isso porque é padrão. Maílson falou nesse tom para a comentarista, que falou nesse tom para o telespectador. E os demais colegas apelam para o mesmo tom, porque é padrão.

É por aí que se cria o clima na opinião pública que acaba inibindo os ajustes necessários para a economia.

17 de mai. de 2012

Dilma e a prova dos nove

Irineu Tolentino

Não adianta! Elogiar Dilma é ter que suportar o  rótulo de ser petista, mesmo não sendo. Não tenho partido nenhum, aliás, partido no Brasil é só uma sigla sem qualquer significado de convergência ideológica. Houve um tempo em que eles eram constituídos com base em uma idéia central, um programa e sonhos...muitos sonhos.

Eu não votei na Dilma, votei na Marina. E não votei na Dilma  apenas porque achei que era preciso dar a vez  a pessoas novas politicamente. Marina, para mim, significava mudança, Dilma a continuidade do governo Lula (que foi muito bom para o Brasil, mas eu não gosto da idéia de um grupo criar raízes no governo. Aliás, Lula concordou com isso, tanto que não quis mudar as regras do jogo como fez FHC).

Se quisermos ter um Brasil melhor lá na frente, temos o dever da sinceridade política (no mínimo isso). Quando Dilma era candidata a Presidente (ou Presidenta como queiram), ela era pintada como um monstro, uma guerrilheira revolucionária, uma censora da imprensa, uma pessoa que tinha ligações estreitas com as FARCs, uma mulher que fecharia as igrejas evangélicas, prenderia os gays, comeria criancinhas ...e tantas outras bobagens.

Aliás, até se espalhou na "grande mídia" uma ficha falsa sobre ela. Olha a que ponto chegamos na disputa eleitoral da qual ela foi candidata...

As pessoas liam superficialmente as "notícias", e-mails e postagens anônimas sem senso crítico; faziam juízos perenes e inabaláveis a partir do lixo espalhado na internet, e até em jornais e revistas. Não davam qualquer atenção aos raciocínios contrários.

Hoje ela está aí, Presidente do Brasil (ou Presidenta, como queiram. Acho um saco esse troço de Presidente/Presidenta).

Ela enfrentou os bancos baixando os juros, sustenta com dignidade a imagem do Brasil no exterior, colocou em vigor a Lei de Acesso à Informação permitindo não só à imprensa, mas a qualquer cidadão, conhecer as entranhas dos órgãos públicos, instituiu a Comissão da Verdade, moralizou os preços dos hotéis no Rio, usurpados pelos empresários oportunistas e pilantras por conta da Rio+20 (Aliás, que vergonha, hein seus safados? Agora vão ter que devolver o dinheiro, em alguns casos até 60% do que extorquiram).

Ou seja, só por isso já daria para calar a boca de muita gente. Uma mulher, que já foi severamente torturada quando menina, chegar à presidência do Brasil e ainda por cima, com altivez rara, propiciar tantos benefícios aos brasileiros.

"- Mas isso é obrigação dela", vão dizer os desavisados.  Sim, tudo bem, mas fale isso para o seu Governador, Prefeito, Deputados, Vereadores... Eles também não têm obrigações pra com o povo?

Não tem jeito gente! Pessoas com vontade de mudar o Brasil e coragem para fazê-lo são raras. Precisamos aproveitá-las! Pode ser que lá no futuro eu não abone algum ato da Dilma (pode ser, por que não?), mas, por enquanto, do que vejo, só elogios.



16 de mai. de 2012

Luis Nassif x Revista Veja: STJ dá razão a Nassif

Jornalista e portal de internet ficam isentos de pagar indenização a ex-redator-chefe de Veja

O jornalista Luis Nassif e o portal IG ficaram livres de pagar indenização por danos morais ao também jornalista e escritor Mario Sabino, ex-redator-chefe da revista Veja. A ministra Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou pedido de Sabino para que fosse analisado seu recurso contra decisão da Justiça paulista que não reconheceu os alegados danos morais.

Aos oradores das CPIs

Irineu Tolentino

Cansado de ler velhas notícias novas, resolvi, hoje, com o perdão do trocadilho, ler novas notícias velhas.

É que, abrir jornais e revistas do gênero é sempre a mesma coisa. O que foi muito bem resumido por Renato Russo...

"Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado.
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação.
Que país é esse?"
 
Embora nessas ocasiões - de cansaço com notícias -, eu me distraia com música ou leituras mais prazerosas, resolvi, ao acaso (acaso mesmo), ler Marcos Túlio Cícero, político romano nascido em 106 a.C. Sujeito interessante.
 
Entre várias atividades que abraçou, foi Advogado Criminalista, Senador, Cônsul e até Imperador. Mas, apesar de todo esse êxito profissional, destacou-se-lhe uma qualidade ímpar: orador.

Cícero é tido como ícone da oratória, príncipe dos Advogados, Senador de renome.

Por outro lado, seu concidadão Lúcio Sérgio Catilina, era um "bandido de renome", com status, queria poder e dinheiro a qualquer custo. Em nosso tempo, seguramente ele seria qualificado como um criminoso de colarinho branco. E não seria demais apelidá-lo de príncipe dos ladrões e dos corruptos.

Numa das ocasiões em que discursava no Senado, em defesa da República, além de outros assuntos, Cícero concitou Catilina a "deixar a cidade com seu bando", para o bem de todos.

Segue um trecho do seu discurso:

"Já que os fatos estão nesse pé,
podes dar continuidade, ó Catilina, ao que principiaste.
Vai-te, quanto antes, para fora desta cidade.
Os portões estão abertos. Parte!
Há muito tempo, é esperado como chefe por tuas legiões malianas.
Leva contigo todos os seus comparsas ou pelo menos grande parte deles.
Assim, limpas a cidade.
Livrar-me-ás de um grande temor desde que
a muralha interponha-se entre mim e ti.
Já não podes permanecer conosco por mais tempo.
Eu não suporto, não o tolerarei, não permitirei.
(...)
Se eu exigir a tua execução,
ficarão entre nós os demais que integram
teu esquadrão de conjurados.
Ao invés, se tu te afastas da cidade,
o que, há muito tempo aconselho,
teus comparsas,
volumosos e ameaçadores para a República,
também serão expelidos".

Catilina obedeceu. Deixou a cidade logo em seguida.

Hoje temos diversos Catilinas entre nós. Alguns vemos nos jornais quase que diariamente, outros, continuam nos porões da República corroendo-lhe as riquezas enquanto não são descobertos. A diferença entre os de hoje e o da época de Cícero é que os de hoje não obedecem.

Será que não está faltando alguns Cíceros nas CPIs, Corregedorias, Polícias e Ministério Público?

15 de mai. de 2012

A Primavera, Vivaldi

Irineu Tolentino

Algumas músicas simplesmente falam por si mesmas. 

Parece até que usaram seus autores (sem querer retirar-lhes o mérito) para virem ao mundo como obra acabada.

As Quatro Estações de Vivaldi estão nesse grupo de músicas que eu elegi, por meu próprio gosto, como sublimes. Delas, a minha preferida é a Primavera. 

Gosto de ouvi-la, ainda que seja no Outono.

Vai dizer que você não se emociona? 


14 de mai. de 2012

A Grécia está fora!

Irineu Tolentino

A Der Spiegel (O Espelho), uma das principais revistas da Alemanha, já sugere que a "Grécia não pode adiar a saída do euro"  ( http://bit.ly/LIC2RP ). E não pode mesmo. Sua saída é questão de tempo...de pouco tempo!

Será uma grande surpresa se decidirem que ela não sairá, uma vez que a sua manutenção já está insustentável.  Aliás, na Europa, cada vez mais, isso se aproxima de um consenso ( http://bit.ly/JxTsAS ).

Arriscar-se a lutar pela manutenção da Grécia na Zona do Euro é um suicídio político já que não há dinheiro sobrando e a fila de economias com problemas é grande. A Europa não deve mais se preocupar com vãs tentativas de evitar a perda da credibilidade, ele já perdeu mostrando incapacidade de se organizar e de tomar decisões em bloco. Não é mais possível tapar o Sol com a peneira. Para mim, essa questão já está superada. Eu lamento pelo povo grego (e dos demais países do PIIGS). Eles enfrentarão tempos muito difíceis, como fome, pobreza, desemprego...

O que me deixa bastante surpreso é o fato de a Europa não ter um "Plano B". Se o  bloco funcionasse (como aliás funcionou por algum tempo) beleza, se algo desse errado (como deu)... simplesmente não há plano! É por isso que  se formou essa celeuma toda entre os "líderes" europeus (que aliás estão caindo por conta da Primavera Européia).

Como costuraram esses acordos político-econômicos (entre diversas nações com realidades econômico-culturais muito diferentes), sem ter sido traçado qualquer plano para a hipótese de algo sair errado? Evidencia-se aí uma grande irresponsabilidade dos países europeus, inclusive Alemanha e França, maiores economias do bloco. 

O resultado disso tudo é que, não só a Grécia perdeu sua credibilidade ao gerenciar as suas contas de forma irresponsável, dar o calote nos seus parceiros comerciais e apresentar dificuldades para implantar medidas de austeridade (mostrando falta de comando interno):  toda a Europa falhou, já que não elaborou um plano adequado e pré-definido, perdeu tempo e dinheiro e espalhou insegurança pelo mundo com decisões atrapalhadas e improvisadas.

Agora, segura que vem chumbo grosso por aí! A Zona do Euro vai derreter!

12 de mai. de 2012

Dia das Mães

Linda Tassitch

Canção de Ninar

Dia das Mães. Mais uma data daquelas para o comércio faturar. Nada contra, mas confesso que tenho verdadeira ojeriza por todos esses “dias disso e dias daquilo”. As pessoas enlouquecem em sua sanha consumista. Neste caso: “– Já comprou presente para a sua mãe?” “– E para a sua mulher? Já comprou? Para sua avó? Sua tia? Sua filha recém transformada nesse ser sublime? Como não? Oh! Como você ousa esquecer?” E aí vem uma enxurrada de argumentos para convencer a alma desgarrada da importância de presentear todas as mães do mundo.
 
Sinto-me uma verdadeira herege nessas datas, pronta para ser lançada às fogueiras da Santa Inquisição...

Mas sinceramente prefiro, na simbologia que esse dia em especial suscita (o que é inevitável), me lembrar de minha mãe cantando para me ninar. Ah! Não era qualquer cantiga, não! Além da linda voz que possuía, ela me privilegiava com músicas cujas melodias e letras continuam ainda hoje emocionando corações sensíveis. Quase que a ouço, agora:
 
Encosta tua cabecinha no meu ombro e chora,
E conta tua mágoa logo toda para mim.
Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,
Que não vai embora...”


Meu coração, não sei por quê,
Bate feliz, quando te vê!
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
 
Bem... quantas coisas aprendi com ela neste simples ato, que ficaram gravadas na memória, sem esforço. E quando aprendi a falar, ela me ensinou a cantar, junto com ela, e talvez sem se dar conta, ela ainda me ensinou a apreciar a beleza e a poesia das coisas simples da vida. Em todos os dias.

Felicidades a todas as mães.

 


11 de mai. de 2012

Carta aberta ao Ministro Ayres Brito


Em respeito ao STF, fechei o post para comentários (no blog fonte: http://bit.ly/LeBO4y).

Ministro Ayres Brito,

Em que mundo o senhor vive? O senhor tem feito o jogo do jornalismo mais vergonhoso que já se praticou no país, usurpado os direitos de centenas de pessoas que buscavam na Justiça reparação contra os crimes de imprensa de que foram vítimas. E não para, não se informa, não aprende, não consegue pisar no mundo real, dos fatos.

No poder judiciário, o senhor tornou-se o principal responsável pelo aprofundamento inédito dos vícios jornalísticos. Sua falta de informação, sua atração pelo aplauso fácil, fez com que olhasse hipnotizado para os holofotes da mídia e, ao acabar com a Lei de Imprensa sem resolver a questão do Direito de Resposta, deixasse de cumprir seu dever constitucional de zelar pelos direitos individuais de centenas de vítimas de abusos da imprensa.

Centenas de pessoas sendo massacradas pelo jornalismo difamatório e o senhor ainda vem com essa história de defender a mídia das decisões de juízes de primeira instância.

Tomo meu caso.

Por conta das ligações de Roberto Civita com Daniel Dantas, fui alvo de ataques difamatórios da revista Veja. Entrei com direito de resposta na Vara de Pinheiros. Caiu com a juíza Luciana Novakoski Ferreira, uma magistrada sem nenhuma sensibilidade para com a reputação alheia, capaz de considerar como meras ironias os piores ataques difamatórios.

A juíza alegou que a inicial de meu advogado estava incorreta, por não especificar os crimes cometidos pela revista. Com toda a bagagem, de juíza de inúmeras ações de Direito de Resposta contra a Veja, ela não sabia que Direito de Resposta não exige especificação de crime – cuja tipificação entra em outro tipo de ação.

O advogado apelou para a Segunda Instância e, por unanimidade, os desembargadores determinaram que voltasse para a Vara de Pinheiros e que a juíza proferisse sua sentença – fundamental para dar andamento à ação.

A juíza recusou-se outra vez, e aí recorrendo ao álibi Ayres Brito: alegou que a Lei de Imprensa tinha revogado o Direito de Resposta. Volta para a Segunda Instância que, por unanimidade, constata o óbvio: o direito de resposta é norma constitucional.

Volta para a juíza, a esta altura com 3 anos de atraso. E ela alega que o STF eliminou a lei de imprensa e não regulamentou novo procedimento. E que não cabia a um juizado criminal apreciar a ação.

Agora os advogados da Abril pedem a anulação da ação alegando que, devido ao tempo decorrido, não há mais o que reparar.

Aí tenta-se a Vara da Freguesia do Ó para outras ações contra a Abril. Mais de dois anos e não chegou sequer às mãos dos juízes, que fogem de casos de mídia como o diabo da Cruz. E vem o senhor defender o mau jornalismo do quê?

Repito: o senhor é responsável direto pelo aumento do descalabro da mídia, os assassinatos de reputação que pegavam indistintamente culpados e inocentes, que arrasaram com a vida de centenas de pessoas. Não extirpou o Direito de Resposta, porque é norma constitucional. Mas fez pior: anulou um direito constitucional, sentando em cima do vácuo da lei.

O senhor não entendeu que, ao contrário do que propaga, a mídia não precisa ser defendida do Judiciário; é o Judiciário que precisa ser defendido do mau jornalismo. Ele intimida e corrompe. Intimida com ataques e dossiês; corrompe ao oferecer visibilidade a magistrados de espírito fraco.

O senhor deveria por um minuto sair de sua redoma, de seu mundo do faz-de-conta e passar o que passaram as vítimas desse jornalismo, testemunhar o abalo que esses ataques produziram em famílias, em mães, filhos, avós, entender por um minuto sequer o sentimento de indignação e impotência de ver direitos básicos sendo pisoteados a cada ataque difamatório sem que a Justiça se manifeste. E, depois, olhar para a esperança de justiça – o Supremo Tribunal Federal – e se deparar com o senhor, com sua insensibilidade e desinformação.

Por tê-lo como desinformado, não desejo para o senhor um centésimo do que esses assassinos de reputação provocaram em centenas de vítimas.

Se tiver estômago, se não afetar sua alma poética, leia parte dos ataques que Roberto Civita encomendou a seus jagunços: está aqui no endereço https://sites.google.com/site/luisnassif02/acaradaveja

Luiz Nassif x Revista Veja


Acabo de receber de meu advogado Marcel Leonardi cópia da sentença do juiz Gustavo Dall'olio, da Vara Civel de Pinheiros, condenando a Editora Abril a me conceder Direito de Resposta na revista Veja, em vista do ataque sofrido na coluna de Diogo Mainardi.

No desabafo de ontem, mencionei as enormes dificuldades de ver o caso julgado pela juiza Luciana Novakoski Ferreira, da vara criminal de Pinheiros. Com o fim da Lei de Imprensa, a demanda passou para a Vara Civel e obteve julgamento rápido e uma sentença objetiva do juiz Dall'olio.

Caso não publique a resposta, a Abril se sujeitará a multa de R$ 500.000,00. É certeza que a Editora recorra e postergue por mais alguma tempo. Mas pelo menos mostrou que há juízes e juízes, assim como advogados e advogados.

Foram quatro anos de luta. Neste momento meus agradecimentos profundos à competência e coragem do advogado Marcel Leonardi, jovem e talentoso advogado que honrou seu diploma. Em outras ações, fui praticamente abandonado pelo escritório McDowell, Barbosa, Gasparian, temeroso de perder espaço junto à mídia.

Agradecimento também a todos vocês que, na fase mais dura dessa luta, apoiaram com um carinho comovente. E, lógico, à minha família.

Veja a  sentença  aqui:  http://slidesha.re/KtXpXb